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17/Nov/2025

Carnes: JBS divulga resultado do 3º trimestre/2025

A JBS registrou lucro líquido de US$ 581 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 16,2% ante igual período de 2024. O Ebitda ajustado totalizou US$ 1,835 bilhão, recuo de 14,8% na comparação anual, com margem de 8,1%, retração de 2,7%. A receita líquida atingiu US$ 22,597 bilhões, recorde para um trimestre, com avanço de 13,4% na mesma base. "O trimestre comprova a força e a consistência da nossa plataforma global multiproteína e, mais importante, como a operamos com disciplina, agilidade e resiliência", afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni. "Nosso modelo multiproteína e multigeográfico é a base que sustenta a estabilidade da companhia e nossa capacidade de gerar valor de forma contínua", acrescentou. No período, a JBS Beef North America alcançou receita recorde de US$ 7,248 bilhões, alta de 14,8%, mas registrou Ebitda ajustado negativo de US$ 42 milhões e margem negativa de 0,6%.

A unidade enfrentou oferta restrita de gado e custos historicamente elevados, apesar da demanda doméstica resiliente. A Pilgrim's Pride teve receita de US$ 4,756 bilhões, crescimento de 3,8%, com Ebitda de US$ 770 milhões e margem de 16,2%. No mercado norte-americano, os produtos preparados registraram crescimento superior a 25% nas vendas, enquanto as operações na Europa e no México também superaram a média de seus mercados. A JBS Brasil apresentou receita de US$ 4,160 bilhões, expansão de 27,7%, com Ebitda de US$ 307 milhões e margem de 7,4%. O resultado foi impulsionado principalmente pelas exportações, com aumentos em volumes e preços. A Seara atingiu o maior volume de exportações de sua história, com receita de US$ 2,361 bilhões, alta de 7,6%, e Ebitda de US$ 323 milhões, com margem de 13,7%.

"A Seara manteve margens saudáveis e demonstrou a força de sua estratégia comercial disciplinada, apoiada em um portfólio inovador e em parcerias que aproximam a marca dos consumidores", destacou Tomazoni. A JBS USA Pork também registrou receita recorde de US$ 2,220 bilhões, aumento de 8,7%, com Ebitda de US$ 218 milhões e margem de 9,8%, apoiada pela forte demanda doméstica e expansão do portfólio de produtos de marca. Durante o trimestre, a companhia anunciou a aquisição de uma planta em Iowa. A JBS Austrália reportou receita de US$ 2,192 bilhões, crescimento de 22,9%, com Ebitda de US$ 249 milhões e margem de 11,4%. O segmento de carne bovina foi o principal impulsionador, compensando o aumento de 26% no custo do gado no período. A dívida líquida encerrou o trimestre em US$ 16,611 bilhões, com alavancagem de 2,39 vezes, em linha com a meta de longo prazo da companhia.

"Mantemos nossa disciplina e seguimos investindo com responsabilidade, sempre com foco em crescimento sustentável", afirmou o CEO Gilberto Tomazoni. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) nos últimos 12 meses atingiu 23,7%. O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que a queda nas margens da Seara no último trimestre se deu por um conjunto de fatores, entre eles o dólar mais baixo e o impacto da restrição temporária das exportações para a China e a União Europeia. Apesar do cenário, a companhia registrou o maior volume de exportação da história da unidade. "Não é uma coisa só, é um conjunto de fatores. O dólar também esteve mais baixo, o que é um fator importante, a Seara exporta 50% (do que produz). Então, qualquer queda de 10 centavos no dólar afeta diretamente a receita e o Ebitda”, afirmou Tomazoni. A margem Ebitda no terceiro trimestre de 2025 foi de 13,7%, ante os 21% de um ano antes. Segundo o executivo, a suspensão temporária das exportações para a China e a Europa exigiu ajustes no mix de produtos.

"Os pés de frango, que são muito demandadas pela China, ficaram sem mercado durante o período de restrição. A gente precisou direcionar essa produção para farinhas”, disse. Ele acrescentou que a China também é um mercado importante para o segmento de asas e que, durante o fechamento, a companhia teve de "redirecionar para outros mercados com preços menores”. A União Europeia, destacou, é considerada um mercado premium para cortes como o peito de frango, no qual a Seara tem participação relevante. "Foi realmente um conjunto de fatores. Agora, com a reabertura dos mercados, a gente volta a poder otimizar melhor o mix de produtos”, afirmou. Tomazoni avaliou ainda que o cenário de custos tende a permanecer controlado nos próximos trimestres. "Se você olhar para as safras de milho e de soja, há um crescimento importante. Isso indica custos bem controlados, porque temos safras recordes em todos os países produtores”, completou.

Nos Estados Unidos, as duas novas plantas de alimentos preparados da JBS em Iowa devem adicionar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões de receita quando estiverem em plena operação. Apesar do potencial, o impacto não será imediato: o crescimento só deve aparecer com relevância a partir de 2027. Em maio, a JBS USA anunciou um investimento de US$ 135 milhões para construir uma fábrica de linguiças na cidade de Perry. Já em agosto, a JBS firmou um acordo para adquirir uma unidade de produção de alimentos processados em Ankeny por US$ 100 milhões. As plantas vão produzir salsichas, bacon e outros embutidos, aproveitando aparas e excedentes de carne do próprio sistema da JBS. Tomazoni destacou que a estratégia reforça a complementaridade do portfólio. "Há muita demanda atualmente para esses produtos", afirmou.

O executivo também disse esperar um crescimento rápido das operações. "São negócios muito complementares em termos de oferta e venda", afirmou. Segundo ele, essa característica deve acelerar a captura de sinergias e o aumento de margens. A JBS mantém projeções otimistas para suas operações na Austrália, apesar da escalada no preço do gado vivo no país. A companhia afirma que a força da demanda internacional tem sustentado a rentabilidade do negócio. "A performance deles é excelente. Eu sei que o preço do gado vivo aumentou, mas a demanda na Austrália é muito forte", afirmou o CEO global Gilberto Tomazoni. Aproximadamente 75% da produção australiana é direcionada à exportação, o que reforça a resiliência das margens mesmo em um cenário de custos maiores. Além disso, outras proteínas têm contribuído positivamente para o resultado.

A unidade de salmão, que enfrentou problemas sanitários no passado, opera agora com "margem de mais de 20%", segundo o executivo. O segmento de suínos também registra ganhos: "Estamos aumentando a produtividade e compartilhando melhores práticas com o Brasil e os Estados Unidos", explicou. A empresa afirma estar modernizando todas as plantas australianas, o que melhora rendimento e produtividade. "Temos uma posição realmente bastante forte na Austrália e prevemos um resultado forte para o próximo ano também”, afirmou. A JBS Austrália reportou receita de US$ 2,192 bilhões no terceiro trimestre, crescimento de 22,9%, com Ebitda de US$ 249 milhões e margem de 11,4%. O segmento de carne bovina foi o principal impulsionador, compensando o aumento de 26% no custo do gado no período.

A JBS avalia que o cenário de preços e disponibilidade de gado no Brasil e na Austrália se tornou mais desafiador, mas com efeito compensatório provocado pela alta do valor da carne. Segundo a companhia, o ciclo pecuário brasileiro já mostra sinais de aperto na oferta de bovinos. Há um aumento de preço tanto na Austrália quanto no Brasil, mas isso é mais do que compensado pelo valor dos produtos finais. O próximo ano será muito forte na Austrália. No Brasil, a companhia reconhece o impacto da menor oferta de bovinos. A empresa destacou ainda a importância da dinâmica global entre Estados Unidos, Austrália e Brasil. Com a redução das exportações americanas para a Ásia, a JBS enxerga uma oportunidade para ampliar a competitividade dos outros dois países. "Quando os Estados Unidos exportam menos, há uma correlação direta com Austrália e Brasil”, explicou o executivo. "Automaticamente, veremos uma vantagem competitiva para Austrália e Brasil, algo que ajuda a minimizar os impactos", acrescentou Tomazoni.

A JBS segue aberta a oportunidades de fusões e aquisições, mas não trabalha hoje com a possibilidade de movimentos de grande porte, indicou o CEO global da companhia ao comentar a estratégia de alocação de capital. Segundo ele, a empresa tem mantido a disciplina financeira enquanto segue avaliando compras pontuais. "Temos aproveitado as pequenas aquisições e temos fluxo para acompanhá-las", disse. Ele afirmou que não há no momento tratativas para um M&A maior. "Se aparecesse uma oportunidade, a primeira coisa que eu faria seria avaliar a estrutura de capital necessária para perseguir essa aquisição", afirmou. O executivo destacou ainda que a atual estrutura acionária, com dois tipos de ações, dá flexibilidade adicional caso surja uma operação relevante. "Tenho muita confiança de que, se surgisse uma oportunidade, teríamos condições de buscar qualquer fusão ou aquisição, mas sempre observando os parâmetros adequados de estrutura de capital", afirmou. Fonte: Broadcast Agro.