12/Nov/2025
A MBRF reportou lucro líquido de R$ 94 milhões no terceiro trimestre de 2025. O resultado representa queda de 62% em comparação com igual período de 2024, quando a companhia havia lucrado R$ 248 milhões. Apesar disso, a receita líquida da empresa, que nasceu da integração entre Marfrig e BRF, apresentou desempenho positivo, com alta de 9,2%, atingindo R$ 41,766 bilhões. O Ebitda consolidado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 3,503 bilhões no terceiro trimestre, retração de 8,6% ante os R$ 3,831 bilhões do igual período de 2024. A margem Ebitda ajustada recuou para 8,4%, contra 10,0% no ano anterior. Por outro lado, foi o maior Ebitda trimestral do ano, com crescimento de 15,3% em relação ao segundo trimestre de 2025. A performance da companhia foi influenciada por diferentes fatores em cada um de seus três principais negócios. Na América do Norte, a receita líquida em dólar cresceu 12,2%, para US$ 3,639 bilhões, impulsionada pelo aumento do preço médio de venda.
No entanto, o volume de vendas caiu 6,3%, refletindo a menor oferta de gado nos Estados Unidos. O Ebitda da operação recuou 6,4%, para US$ 74 milhões. Na América do Sul, a receita líquida teve alta de 18,1%, para R$ 5,659 bilhões. O volume de vendas cresceu 17,6%. O Ebitda ajustado subiu expressivos 31,8%, chegando a R$ 628 milhões. A BRF, a divisão de frangos e suínos, registrou receita líquida de R$ 16,283 bilhões (alta de 5,4%) e atingiu recorde de volume de vendas. Contudo, seu Ebitda ajustado caiu 14,9%, para R$ 2,525 bilhões, pressionado principalmente pelos bloqueios temporários às exportações brasileiras de frango devido à gripe aviária e pelo aumento nos custos de grãos e insumos. A empresa gerou R$ 3,319 bilhões em caixa operacional no trimestre, um aumento de 9% em relação ao trimestre anterior. Os investimentos totalizaram R$ 1,409 bilhão. A dívida líquida consolidada fechou setembro em R$ 41,349 bilhões, com um índice de alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda) de 3,09 vezes.
A companhia também deu início ao processo de captura de sinergias da fusão, com uma meta total de R$ 1 bilhão. Cerca de 60% desse valor está previsto para ser entregue já no primeiro ano pós-consolidação. Em sua mensagem, o chairman Marcos Molina destacou que este foi o primeiro balanço após a criação da MBRF e reforçou a trajetória de construção de uma empresa multiproteína integrada, com foco em eficiência, marcas fortes e geração de valor a longo prazo. Ele enfatizou o recorde de volume de vendas e os avanços na expansão global como sinais positivos da estratégia adotada. Os resultados deste trimestre evidenciam a sólida trajetória da MBRF. Este foi um período marcado por avanços em desempenho, expansão da operação global e crescimento em todas as frentes do negócio. O resultado reflete o comprometimento das nossas equipes e a clareza da direção estratégica que adotamos desde 2022, com o objetivo de tornar a MBRF uma empresa multiproteína verdadeiramente integrada, cada vez mais eficiente, inovadora e com marcas fortes ao redor do mundo.
A MBRF calcula a captura de R$ 1 bilhão em sinergias após a fusão das operações entre Marfrig e a BRF, com a expectativa de que os resultados mais expressivos sejam alcançados em 2026. "Quando divulgamos a fusão, projetávamos captura de R$ 805 milhões; hoje, já estamos falando na casa de R$ 1 bilhão. À medida que o tempo passa, afinamos os números e aprofundamos as sinergias", disse o CEO, Miguel Gularte. "As alterações de infraestrutura que a MBRF realizou foram implementadas no fim de outubro e início de novembro. Portanto, evidentemente, vamos ver os efeitos acontecerem ao longo dos próximos trimestres", acrescentou. Gularte complementou com detalhes numéricos sobre o impacto nas despesas gerais e administrativas e a expectativa de ritmo de captura. "Dos R$ 370 milhões de impacto nas despesas gerais e administrativas, R$ 160 milhões estão relacionados à estrutura, que já estará otimizada no início de 2026. Os aproximadamente R$ 200 milhões restantes estão na frente de suprimentos e outras áreas, cuja captura aumentará ao longo do ano, assumindo uma evolução linear", disse. O executivo reforçou que a gestão tem buscado consistência na execução das sinergias, alinhando metas e indicadores do programa BRF+ à nova estrutura, agora denominado MBRF+.
"Nos últimos meses, trabalhamos construindo o MBRF+ 2026, trazendo as métricas e os indicadores que controlávamos, ajustávamos e incentivávamos na BRF, incluindo toda a área de carne bovina”, afirmou. A MBRF aumentou significativamente seus estoques de matéria-prima durante o terceiro trimestre de 2025, refletindo tanto sazonalidade quanto oportunidades de mercado, informou o CFO da companhia, José Ignacio. "Tivemos um aumento de estoques da ordem de R$ 1,5 bilhão, quase todo no segmento BRF", disse, detalhando que cerca de R$ 1 bilhão foram destinados a grãos. Segundo ele, a empresa aproveitou a oferta do mercado relacionada à safrinha e acelerou as compras até alcançar "um volume recorde de aquisição de grãos no terceiro trimestre". Isso garante uma posição confortável para os próximos períodos, com estoques capazes de sustentar a produção e atender à demanda interna, disse. O CFO também destacou o impacto sazonal nos estoques de produtos comemorativos, que somaram aproximadamente R$ 300 milhões, seguindo padrões já observados em anos anteriores. Fonte: Broadcast Agro.