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10/Nov/2025

Boi: produção de carne deve cair no Brasil em 2026

Segundo o Rabobank, a produção de carne bovina no Brasil deve recuar entre 5% e 6% em 2026, após um ciclo de liquidação de fêmeas e alta nos abates que sustentaram a oferta neste ano. O movimento marca uma "quebra de tendência" no ciclo pecuário. No ano passado, houve um movimento de início de retenção, de queda na participação das fêmeas, mas neste ano, em vez de manter essa queda, acabou invertendo. Pela primeira vez, em março, o abate de fêmeas superou o de machos. Os juros elevados e o aperto de caixa entre criadores dificultaram a retenção de matrizes, levando a uma liquidação mais intensa dos rebanhos.

Em um cenário com a taxa de juros em 15%, está muito desafiador conseguir dinheiro no mercado. A principal opção que muitos criadores têm é manter a liquidação das fêmeas. A redução no número de matrizes já tem reflexos diretos na base da produção. Em Mato Grosso, o rebanho de vacas acima de 24 meses caiu pelo terceiro ano consecutivo, com retração de 3,4%, e a produção de bezerros teve queda histórica de 4,3% em relação a 2024. A participação das fêmeas adultas atingiu o menor patamar da história, de 61%. Mesmo com a menor oferta, o Brasil deve seguir priorizando o mercado externo, especialmente diante de preços internacionais mais altos e restrição de oferta global.

A menor disponibilidade de carne bovina no mercado externo deve levar a preços maiores, o que mantém o Brasil em um cenário de oportunidades, principalmente em termos de preço e biossegurança. Tanto Brasil quanto Estados Unidos devem apresentar quedas na produção, entre 5% e 6% e cerca de 5%, respectivamente, reduzindo a oferta global em até 2%. A China continuará sendo o principal destino da carne bovina brasileira, apesar de um cenário de demanda doméstica mais fraca no país asiático. A oferta deve ficar limitada, e as importações chinesas devem cair de 2% a 3% no próximo ano. Mesmo assim, o Brasil, como fornecedor mais competitivo, deve ter uma leve vantagem em volume.

Nos Estados Unidos, a projeção é de um novo ano de queda na produção de carne, de aproximadamente 4,8%, com margens mais ajustadas. A taxa de descarte de vacas de corte deve fechar 2025 em 8,5%, abaixo da média dos últimos 30 anos. Isso sinaliza uma desaceleração na liquidação do rebanho e o início de uma recomposição mais modesta. Para o mercado doméstico, a perspectiva é de consumo menor em 2026. As indústrias frigoríficas devem continuar priorizando a exportação, o que deve onerar o consumo interno. A estimativa é de uma queda de 8% a 9% no consumo per capita, para cerca de 30 quilos por habitante ao ano, em meio à perda de competitividade frente às proteínas mais baratas, como frango e suínos.

Apesar do quadro de menor produção e consumo, fatores pontuais podem dar sustentação aos preços domésticos no próximo ano. Historicamente, anos de Copa do Mundo e de eleições presidenciais trazem um aumento temporário do poder de compra da população. Isso pode ser um fator de sustentação de preços, principalmente considerando a demanda de exportação elevada. O conjunto de feriados e eventos em 2026 também pode impulsionar o consumo em momentos específicos. Esses encontros e viagens devem agregar consumo e ajudar o mercado interno. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.