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07/Nov/2025

Boi: Minerva divulga resultado de 3º trimestre/2025

A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 120 milhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 27,6% em relação aos R$ 94,1 milhões contabilizados em igual período de 2024, informou a companhia nesta quarta-feira. O avanço foi de 27,6% ante o segundo trimestre de 2025. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,388 bilhão no trimestre encerrado em setembro, recorde histórico, com avanço de 70,8% ante o terceiro trimestre do ano passado e de 6,6% em relação ao segundo trimestre. A margem Ebitda ficou em 8,9%, ante 9,6% no 3º tri de 24 e 9,4% no 2º tri de 2025. A receita líquida alcançou R$ 15,512 bilhões, alta de 82,5% frente a igual período de 2024 e de 11,5% ante o trimestre anterior. A receita bruta consolidada somou R$ 16,288 bilhões, aumento de 80,1% em relação ao terceiro trimestre de 2024, com as exportações representando 61% do total. A geração de caixa livre foi um dos principais destaques do trimestre, atingindo R$ 2,5 bilhões, o maior valor trimestral já registrado pela companhia. A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 11,8 bilhões, queda de 16,7% ante o segundo trimestre de 2025.

A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, ficou em 2,5 vezes, o menor nível desde 2022. O trimestre marcou também a conclusão da integração das plantas adquiridas da Marfrig, antecipando o cronograma inicial. Os novos ativos apresentaram crescimento de 31,2% na receita em relação ao segundo trimestre, atingindo cerca de R$ 4 bilhões. A Minerva contabilizou 1,56 milhão de cabeças abatidas no período, aumento de 42,4% na comparação anual, e 556,6 mil toneladas vendidas (+44,8%). A forte geração de caixa da Minerva no terceiro trimestre de 2025 foi impulsionada principalmente pela venda de estoques acumulados nos Estados Unidos, confirmou o CFO da companhia, Edison Ticle. Segundo ele, a estratégia adotada no início do ano - de reforçar estoques para aproveitar melhores condições de preço, resultou agora em um expressivo retorno financeiro. De fato, teve um impacto no fluxo de caixa porque trocamos dinheiro por estoque, especialmente nos Estados Unidos. Esse estoque veio sendo desovado e, sem dúvida nenhuma, parte da geração de caixa neste trimestre vem dessa transformação de estoque em dinheiro.

Os estoques da companhia caíram R$ 1,6 bilhão no trimestre, o que representou uma parcela relevante dos R$ 2,5 bilhões de geração de caixa livre registrados entre julho e setembro. "Nos dois primeiros trimestres, tivemos fluxo de caixa livre negativo justamente por causa da formação desses estoques. Agora, no terceiro tri, cumprimos o que tínhamos prometido ao mercado: formamos o estoque para aproveitar preços melhores e, neste trimestre, vendemos boa parte dele, o que gerou R$ 1,6 bilhão de caixa livre”, explicou. Além da venda de estoques, o recorde de fluxo de caixa também refletiu o desempenho operacional da empresa. “Tivemos recorde de Ebitda, de R$ 1,4 bilhão, e recorde de redução de necessidade de capital de giro. Essas duas coisas juntas proporcionaram esse fluxo de caixa livre tão expressivo no trimestre”, disse Ticle. O CFO ressaltou ainda que cerca de 85% do capital de giro consumido nos dois primeiros trimestres já foi recomposto, o que deve permitir uma trajetória mais estável nos próximos períodos.

"Quando olhamos o capital de giro como um todo, ele está praticamente normalizado, há pouca coisa a ajustar. A boa notícia é que já fizemos o ramp-up completo da operação dos novos ativos. Portanto, não há mais necessidade adicional de capital de giro daqui para a frente”, afirmou. Com o caixa reforçado, a companhia reduziu a dívida líquida de R$ 14,1 bilhões para R$ 11,7 bilhões, levando a alavancagem ao menor nível desde 2022, de 2,5 vezes. "Essa forte geração de caixa foi direcionada para a redução do endividamento”, completou Ticle. A Minerva anunciou na quarta-feira (05/11) a recompra e o cancelamento de mais uma parcela de seus títulos Bond 2031, no valor de US$ 75,7 milhões, equivalente a cerca de R$ 425 milhões. Com a operação, a companhia já retirou de circulação US$ 384,8 milhões em bonds com vencimentos em 2028 e 2031 ao longo de 2025, totalizando aproximadamente R$ 2,3 bilhões em recompras no acumulado do ano. Segundo comunicado ao mercado, os papéis do Bond 2031 foram adquiridos a um preço médio de 90% do valor de face, representando um desconto de 10%.

A operação, de acordo com a empresa, faz parte da estratégia de aprimorar a estrutura de capital e reduzir o endividamento. Essas recompras, afirma a Minerva, reforçam o compromisso da administração com “a manutenção de uma gestão financeira responsável, contribuindo para a redução da alavancagem líquida e bruta, além das despesas financeiras futuras”. O movimento está alinhado com o objetivo de construir “uma estrutura de capital mais sólida, eficiente e menos onerosa”, diz o comunicado assinado por Edison Ticle de Andrade Melo e Souza Filho, diretor de Finanças e Relações com Investidores. A Minerva Foods calculou em 4,4 vezes o múltiplo pago pelos ativos adquiridos da Marfrig, valor inferior às estimativas iniciais divulgadas pelo mercado. Segundo o CFO da companhia, Edison Ticle, a revisão foi possível após a integração completa das operações ao sistema da empresa. O múltiplo é uma métrica usada para avaliar o preço pago em relação ao potencial de geração de caixa de um ativo - quanto menor o múltiplo, mais barata tende a ser a aquisição. "Setembro foi o primeiro mês em que tivemos essas operações totalmente integradas, com todas as sinergias potenciais extraídas”, disse o executivo.

"Pegamos a receita de setembro, anualizamos e chegamos a aproximadamente R$ 17,2 bilhões por ano. Aplicando a margem do trimestre, que é próxima da nossa média histórica, de 9%, chegamos a um Ebitda de R$ 1,55 bilhão para esses ativos, disse. Ticle explicou que, considerando o preço pago sem capital de giro e sem juros (R$ 6,8 bilhões), o múltiplo é de 4,4 vezes. Incluindo capital de giro e juros (R$ 7,1 bilhões), o múltiplo chega a 4,6 vezes. "Na época, a Minerva estava negociando a cerca de 5,5 vezes o Ebitda. Ou seja, compramos próximo de 4,4 vezes, o que mostra que foi um negócio que gerou valor para a companhia", afirmou. O CFO afirmou ainda que o cálculo buscou esclarecer dúvidas antigas do mercado sobre o valor da transação. "Essa era uma demanda recorrente, e por isso resolvemos abrir os números agora, quando as operações estão 100% integradas. Estamos mostrando que sabíamos o que estávamos comprando e que, se num primeiro momento o preço pareceu alto, foi uma operação estratégica e financeiramente vantajosa", concluiu.

A Minerva Foods deve manter o ritmo forte de abates observado no terceiro trimestre e ainda vê espaço para expansão no Brasil. Segundo o CEO da companhia, Fernando Queiroz, o mês de outubro já registrou novo recorde operacional, superando setembro, quando as plantas recém-integradas da Marfrig alcançaram níveis considerados ideais de produtividade. A Minerva teve alta de 42,4% no volume de abates no terceiro trimestre, na comparação anual, para 1,6 milhão de cabeças. "Antecipando um pouco, em outubro batemos um novo recorde em relação a setembro nos abates no Brasil", afirmou Queiroz, ao comentar a sustentabilidade do atual patamar de participação da Minerva no abate nacional, que chegou a cerca de 13% no trimestre. "Estamos agora fazendo a afinação das operações, buscando ainda mais flexibilidade e produtividade. Então, sim, existe espaço, e outubro já é um exemplo disso", acrescentou, durante teleconferência para comentar os resultados do terceiro trimestre de 2025.

Sobre a monetização dos estoques, o CFO Edison Ticle destacou que a companhia praticamente encerrou no terceiro trimestre o movimento tático iniciado nos trimestres anteriores, especialmente no mercado americano. "A maior parte do movimento tático que construímos foi realizada agora no terceiro trimestre", disse. Ticle explicou que a estratégia varia conforme o país e o sistema de cotas vigente, mas a tendência é de normalização. "Pode haver alguma variação, mas nada muito relevante nas análises", observou. Segundo ele, o quarto trimestre tende a apresentar um ciclo de conversão de caixa mais curto, em razão da sazonalidade e do maior peso do mercado interno. "O grosso da tática que desenvolvemos no primeiro e segundo trimestres foi, de fato, realizado agora no terceiro trimestre", concluiu o CFO. Fonte: Broadcast Agro.