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31/Out/2019

Boi: bezerro valoriza mais intensamente que o boi

Apesar das altas nos preços do boi gordo nas últimas semanas, a quantidade de arrobas necessárias para a compra de um bezerro aumentou em 2019 frente ao mesmo período de 2018. Isso indica que o pecuarista precisa investir e produzir um animal mais pesado para conseguir fazer a reposição. Esse cenário, por sua vez, está atrelado às altas mais intensas nos preços do bezerro frente às observadas para a arroba. Ressalta-se que, tradicionalmente, o pecuarista observa a relação de troca de quantos bezerros é possível comprar com a venda de um boi gordo. Entretanto, com a evolução da pecuária de corte nos últimos anos, a melhora da genética e bovinos cada vez mais pesados e precoces, o ideal é analisar a relação de troca de quantas arrobas são necessárias para adquirir um bezerro. Em outubro, os produtores do estado de São Paulo precisaram de 8,33 arrobas para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul (considerados os Indicadores do boi ESALQ/B3, mercado de São Paulo, e o ESALQ/BM&F do bezerro, Mato Grosso do Sul).

A relação deste mês está 1,44% abaixo da verificada em setembro, mas 4,14% acima da registrada em outubro do ano passado, ou seja, os produtores precisam, em 2019, de mais arrobas para fazer a reposição. Os cálculos foram realizados todos em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2019). A menor relação deste ano foi registrada em abril, de 7,96 arrobas. De janeiro a outubro, a relação de troca média está em 8,29 arrobas, contra 8,13 arrobas no mesmo período do ano passado. Esse contexto mostra que, apesar da alta do boi nos últimos meses (o Indicador do boi gordo registra média recorde, em termos nominais), o bezerro também vem se valorizando, e de forma mais intensa. Em outubro, as médias dos Indicadores do boi e do bezerro estão em R$ 162,70 por arroba e em R$ 1.355,07 por cabeça, respectivas altas de 9,51% e de 11,04% frente às de outubro de 2018, em termos reais. A reação nos preços dos bovinos para reposição, por sua vez, está atrelada à restrição de oferta de bois ao longo deste ano, o que, por sua vez, pode ser resultado do crescente volume de fêmeas (novilhas e vacas) abatidas no País nos últimos trimestres.

Além disso, a demanda brasileira por bovinos para abate está firme, tendo em vista o bom desempenho das exportações. Agora, analisando-se a relação de troca tradicional feita pelo pecuarista, da quantidade de bezerros comprados com a venda de 1 boi gordo (com 17 arrobas), a relação está em 2,04 bovinos de reposição em outubro, com melhora no poder de compra ao terminador de 1,46% frente a de setembro, mas piora de 4% em relação a outubro do ano passado (quando a venda de um bovino possibilitava a aquisição de 2,13 animais de reposição). Ou seja, resultado contrário ao apresentado quando se avalia pela quantidade de arroba. Os preços do bezerro, do boi gordo e da carne seguiram em alta na maior parte de outubro, impulsionados pela baixa oferta e pela demanda aquecida. No caso do bezerro (Indicador ESALQ/BM&F, Mato Grosso do Sul), no acumulado deste mês, a alta é de 1,33%, a R$ 1.387,79. A média mensal, de R$ 1.355,07, supera em 1,3% a de setembro e em 11,04% a de outubro/2018, em termos reais.

Para o boi gordo, a elevação no acumulado deste mês é de 2,9%, com o preço médio do boi gordo em São Paulo cotado a R$ 166,90 por arroba. Esse é o maior patamar real desde novembro de 2016, quando a média mensal do Indicador foi de R$ 168,23 por arroba. A média de outubro está em R$ 162,70 por arroba, respectivas elevações de 2,77% e de 6,62% quando comparada às médias de setembro/2019 e outubro/2018. Em São Paulo, no atacado, a carcaça casada de boi registra valorização de 6,33% no acumulado deste mês, cotada a R$ 11,55 por Kg. Em outubro, a média está em R$ 11,21 por Kg, aumento mensal de 4,5% e anual de 8,05%, também em termos reais. Em termos nominais, ou seja, sem considerar os efeitos da inflação, os patamares observados em outubro para a arroba do boi e para a carne bovina no atacado são os maiores das séries históricas do Cepea, iniciadas respectivamente em 1994 e 2001. No caso do bezerro, os patamares nominais de abril de 2016 superam os atuais. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.