03/Nov/2025
A salmonelose representa um desafio crítico para a suinocultura brasileira, afetando diretamente a produtividade das granjas e configurando um risco significativo para a saúde pública. Estudos recentes reforçam a eficácia da imunização preventiva em suínos, demonstrando que a vacinação reduz de forma expressiva a excreção fecal da bactéria e a positividade na fase de abate, fortalecendo o controle da doença e a segurança alimentar. A relevância da doença é sublinhada por dados do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), que identificou que 7,15% dos frigoríficos sob inspeção federal estavam em não conformidade com os níveis detectados de Salmonella spp. Os sorovares mais prevalentes são a S. Typhimurium e a S. Choleraesuis, causando prejuízos econômicos consideráveis por suíno infectado, devido à perda de desempenho, aumento da mortalidade e custos com tratamentos.
Nos suínos, a infecção se manifesta primariamente por diarreia, desidratação, perda de peso e, nos casos mais graves, morte. Contudo, o grande desafio sanitário reside nos suínos recuperados, que podem se tornar portadores assintomáticos, excretando a bactéria no ambiente e perpetuando o ciclo infeccioso na granja. Esse cenário exige ações integradas de biosseguridade, monitoramento constante e vacinação. O impacto da salmonelose estende-se à saúde pública devido ao seu potencial zoonótico. A contaminação das carcaças durante o abate, geralmente por contato com fezes no momento da evisceração, favorece a transmissão da Salmonella ao consumidor por meio de alimentos contaminados. A presença desse patógeno é uma das principais causas de surtos de doenças gastrointestinais em humanos, podendo gerar quadros graves, especialmente em indivíduos imunossuprimidos. Um fator alarmante no controle da salmonelose é o crescente desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos.
A administração frequente de fármacos via ração e água resulta em uma longa exposição das bactérias entéricas, incluindo a Salmonella, o que favorece o surgimento de cepas resistentes. Considerando a abordagem de Saúde Única (que integra a saúde humana, animal e ambiental), a excreção dessas bactérias resistentes no ambiente e sua presença nos produtos de origem animal representam um risco adicional para a saúde pública, podendo levar à disseminação de resistência também em seres humanos. Esse fenômeno compromete a eficácia terapêutica dos tratamentos. Estudos em granjas brasileiras já demonstram uma alta taxa de resistência a antibióticos de primeira escolha para muitas infecções, como amoxicilina, doxiciclina, florfenicol e tetraciclina. Fonte: Boehringer Ingelheim. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.