31/Oct/2025
Segundo análise da StoneX, a demanda por carne bovina no mercado interno deve se fortalecer até o fim do ano, impulsionada pelo pagamento do 13º salário e pelas festas de fim de ano. O aumento da renda das famílias e a recuperação do consumo ajudam a sustentar os preços da proteína, mesmo com o aumento da oferta de bovinos terminados em confinamento. Esses meses trazem mais poder de compra às famílias, o que naturalmente eleva o consumo de proteínas animais. Ao mesmo tempo, as exportações mais fortes reduzem a disponibilidade de carne bovina no mercado doméstico, pressionando as cotações no atacado e no varejo. As exportações brasileiras de carne bovina atingiram recordes mensais em agosto e setembro, mesmo após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos.
Entre janeiro e julho, os embarques para o mercado norte-americano cresceram 106% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando US$ 1,2 bilhão, praticamente o mesmo valor obtido em todo o ano de 2024. Mesmo que os exportadores parassem de vender no restante de 2025, o resultado ainda ficaria próximo dos níveis de 2024. O principal impacto das tarifas não está nos números já registrados, mas no potencial de expansão perdido em um mercado de grande consumo e padrões sanitários rigorosos. Os exportadores brasileiros se adaptaram rapidamente, redirecionando cargas para outros destinos e mantendo o ritmo de crescimento. Agosto e setembro registraram volumes recordes, e outubro começou com a semana mais forte de embarques já registrada. A China assumiu a liderança nas compras, ampliando sua participação para cerca de 60% das exportações brasileiras, ante média de 25% antes das tarifas.
O México ultrapassou os Estados Unidos como segundo maior comprador em junho, triplicando suas compras na comparação anual. Outros destinos, como Rússia, Chile, Filipinas, Oriente Médio, União Europeia e Indonésia, também ajudaram a recompor a carteira de exportações; esta última com alta de seis vezes em relação a 2024. Entre janeiro e agosto, o Brasil embarcou 1,8 milhão de toneladas de carne bovina, ante 1,5 milhão no mesmo período do ano anterior. Com esse ritmo, o País deve ultrapassar o recorde histórico de 2,5 milhões de toneladas exportadas em 2024, reforçando sua liderança global. A carne bovina mantém demanda firme no Brasil por razões culturais e simbólicas, o que a torna menos sensível a variações de preço. Contudo, a competição entre proteínas seguirá determinante. Quando o frango ficou mais barato por causa da gripe aviária, a carne bovina perdeu espaço. Agora, com a recuperação das exportações e dos preços do frango, ela volta a ficar mais atrativa.
A valorização internacional do frango, do qual o Brasil é o maior exportador mundial, deve continuar favorecendo o mercado de bovinos. A alta do frango reduz a oferta doméstica e ajuda a sustentar também os preços da carne bovina. Sobre o ciclo pecuário, ainda há incerteza quanto ao início de uma nova fase, mesmo após o recorde histórico de abate de fêmeas em 2024. Os dados de setembro mostram redução gradual no abate, mas os volumes seguem elevados, especialmente entre novilhas. As escalas de abate estão mais longas, reflexo de contratos previamente firmados com frigoríficos, o que reduz negociações no mercado spot e ajuda a conter movimentos bruscos de preços. A combinação de demanda firme, diversificação de destinos e flexibilidade logística reforça a maturidade do setor exportador. Mesmo com o câmbio pressionando margens, o Brasil mostra capacidade de redistribuir a oferta e seguir crescendo com base sólida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.