31/Oct/2025
Segundo a StoneX, o mercado global de leite deve iniciar 2026 pressionado pela produção elevada e demanda contida. O excesso de oferta nos Estados Unidos, União Europeia e Argentina deve manter os preços internacionais em queda. Sobre os Estados Unidos, a produção de leite cresce em ritmo superior à demanda, sustentada por margens favoráveis e investimentos em genética para aprimoramento das raças leiteiras e processamento. Apesar dos custos estáveis, bons resultados no curto prazo e o incentivo de abate de vacas em função do aumento do preço da carne bovina, o aperto nas margens deve começar no fim deste ano com queda nos preços do leite e aumento no abate de vacas. Na União Europeia, o cenário é semelhante. Após um período de margens positivas e custos menores com ração e fertilizantes, os produtores observam fatores sanitários, como a língua azul, que afetou a prenhez de vacas na Alemanha, França e Reino Unido.
O descompasso na produção tende a gerar aumento de oferta no final do ano, quando a atividade industrial é menor. Ainda assim, as margens devem se manter estáveis até meados de 2026, mas com menor competitividade nas exportações, especialmente de queijos. No Brasil, embora as importações representem cerca de 13% do consumo nacional, elas têm um papel importante na formação de preços. Quando os preços internacionais sobem, as importações encarecem e os preços internos tendem a subir. A queda dos preços internacionais aumenta a compra de importados e reduz a demanda pelo produto nacional. Esse efeito é amplificado pela baixa elasticidade do mercado lácteo, ou seja, pequenas mudanças na demanda interna podem gerar grandes variações nos preços. Em relação à produção, o cenário é de menor atratividade para o produtor. A relação de troca entre o litro de leite e a arroba da vaca gorda está em patamares pouco vantajosos, especialmente em São Paulo e Goiás, o que pode levar parte dos pecuaristas a migrarem de atividade.
Para o início de 2026, a margem pode voltar a melhorar, muito mais em função da redução de custos, especialmente com o milho, do que pela valorização do leite. A safra global de milho é um dos fatores centrais para essa dinâmica. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta estoques finais acima de 23 milhões de toneladas para 2026, com exportações fortes e preços mais baixos. No Brasil, a safra recorde e a comercialização lenta também ajudam a conter custos de nutrição animal, mantendo as margens positivas. No entanto, o risco climático segue no radar. Caso o fenômeno La Niña se intensifique, pode haver estiagens na Região Sul, o que mudaria completamente o quadro. A demanda doméstica, por sua vez, mostra sinais mistos. Embora a inflação de alimentos tenha recuado por quatro meses consecutivos, estimulando o consumo, o alto índice de endividamento das famílias, que chega a 60% em algumas regiões, restringe o apetite por produtos de maior valor agregado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.