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28/Oct/2025

Carnes: rastreabilidade da ração no Brasil e EUDR

Segundo o Rabobank, o Brasil está mais adiantado que outros exportadores de mercados emergentes na preparação para a regulamentação europeia de combate ao desmatamento (EUDR), mas ainda enfrenta um gargalo que encarece a adaptação: rastrear toda a cadeia de ração usada na produção de proteína animal. O avanço dos sistemas de rastreabilidade no País é uma vantagem competitiva, mas a exigência de monitorar a origem de soja, milho e outros insumos da alimentação animal tende a elevar custos operacionais. O setor brasileiro de proteína animal já tem sistemas de rastreabilidade mais avançados em comparação com concorrentes de outros mercados emergentes.

A EUDR impõe controle que não se limita ao animal abatido, mas também ao que esse animal comeu. O desafio é rastrear não apenas a fazenda de origem dos animais, mas toda a cadeia de fornecimento de ração. Isso torna o processo muito mais trabalhoso e custoso. A União Europeia continua sendo um mercado importante para a carne bovina brasileira em cortes de maior valor agregado, mesmo que represente uma fatia pequena do volume total exportado. Em 2024, o Brasil embarcou cerca de 82 mil toneladas de carne bovina para a União Europeia, número considerado recorde histórico. Esse é um mercado que paga por padrão de qualidade e exige rastreabilidade individual, incluindo controle de área, o que já vem sendo implantado por parte dos frigoríficos e fornecedores.

Esse nível de controle tem custo direto na fazenda. O Rabobank relata casos de clientes que vêm investindo em rastreabilidade há pelo menos cinco anos, com gasto de cerca de R$ 10,00 a R$ 15,00 por cabeça, além do monitoramento por imagem de satélite. Parte desses produtores esperava um prêmio mais claro e imediato por essa conformidade e pode se frustrar no curto prazo, porque a remuneração adicional ainda não está garantida. O momento internacional reduz parte dessa pressão, especialmente para a carne bovina. O Brasil recebeu recentemente da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, o que abre caminho para habilitação em mercados de maior valor como Japão e Coreia do Sul.

Há expectativa de liberação do mercado japonês ainda neste ano. Esse acesso potencialmente ajuda a diluir a dependência de nichos específicos na União Europeia e pode melhorar a precificação da carne brasileira no mercado premium. O cronograma proposto pela União Europeia dá algum fôlego para adaptação, inclusive para os médios e pequenos. A proposta mais recente da Comissão Europeia mantém a data formal de entrada em vigor da EUDR em 30 de dezembro de 2025, mas prevê um período de seis meses sem penalidades para grandes empresas e operadores, até 30 de junho de 2026.

Pequenos operadores teriam até 30 de dezembro de 2026 para estarem totalmente adequados. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu. A classificação do Brasil como País de “risco médio” pela União Europeia também tem efeito financeiro. Isso significa que cerca de 3% dos embarques brasileiros ao bloco europeu serão fiscalizados, contra 1% no caso de países classificados como “baixo risco”, como Chile e Uruguai. Esse é um ponto que vai ter algum custo a mais para fiscalização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.