28/Oct/2025
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), atribuiu a liderança do Brasil na exportação global de carnes com certificação Halal ao que chamou de "jeito brasileiro de ser”, marcado pelo respeito a culturas e religiões e pela capacidade de convivência pacífica. Alckmin destacou que o País se tornou o principal fornecedor mundial de proteína animal certificada aos países muçulmanos justamente por valorizar a diversidade. A certificação Halal atesta que a produção segue as especificações culturais e religiosas dos países muçulmanos. No caso das carnes, isso inclui rito de abate islâmico e ausência de derivados suínos ou álcool no processo produtivo. O Brasil exportou US$ 3,88 bilhões em carne de aves com certificação Halal no ano passado, sendo enviada para mais de 60 países, incluindo as 57 nações da Organização para Cooperação Islâmica (OCI) e outras com grandes comunidades muçulmanas, como França, Alemanha, Índia, China e Rússia.
A Câmara Islâmica de Comércio e Desenvolvimento afirmou que o mercado Halal passará por uma transformação completa antes de 2030, impulsionada pela digitalização e pela rastreabilidade em tempo real. O Brasil precisa adaptar seus processos produtivos para manter a liderança global nesse segmento. Em menos de dez anos, todo esse conceito Halal será transformado. O avanço da conectividade mudou o comportamento do consumidor e exige transparência total. Há uma década, qualquer pessoa via um logotipo Halal num restaurante ou num produto e aceitava. Hoje, qualquer consumidor, até uma criança com um celular, consegue verificar em segundos se o certificado é autêntico. Essa mudança redefinirá a hierarquia global dos exportadores. A pergunta é se a atual lista dos principais países e empresas vai permanecer a mesma. Pode ser que não. Isso vai mudar nos próximos anos. Há dúvidas se os atuais fornecedores estão preparados para acompanhar esse novo padrão.
O Brasil conquistou espaço no mercado islâmico porque o setor privado aceitou se adaptar há mais de 50 anos. Os empresários brasileiros entenderam o potencial do Halal e fizeram as mudanças necessárias em seus processos produtivos. É por isso que o Brasil se tornou o maior exportador Halal do mundo. O mercado atrai cada vez mais investidores e pesquisa. Antes da pandemia, eram no máximo três relatórios por ano sobre o tema. Hoje, há pelo menos cinco por mês. Todo ano entram centenas de milhões de dólares em novos investimentos, vindos de investidores que antes não estavam nesse mercado. O Instituto de Normas e Metrologia para Países Islâmicos (Smiic) reforçou a necessidade de adaptação e de padrões comuns entre os países. Halal não é uma opção, é uma necessidade. A demanda já inclui cosméticos, produtos farmacêuticos e serviços financeiros, e cresce também entre consumidores não muçulmanos.
A União das Câmaras Árabes destacou que o conceito Halal deixou de se restringir a alimentos e hoje inclui finanças, cosméticos, tecnologia e sustentabilidade. O Halal precisa ser visto como uma economia inteligente e verde, que incorpora blockchain, logística eficiente e transparência total. Para o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, a digitalização deve ser acompanhada por cooperação econômica e diálogo político. O Halal é também uma filosofia de vida que promove ética, justiça e responsabilidade social. Ele ressaltou que a aproximação entre o Brasil e os países muçulmanos ganhou força nos primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e continua sendo estratégica. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango com certificação Halal, com embarques anuais de cerca de US$ 6 bilhões para os 57 países da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.