28/Oct/2025
O Itaú BBA avaliou como positiva a joint venture anunciada nesta segunda-feira (27/10) pela MBRF com a Halal Products Development Company (HPDC), criando a Sadia Halal. Do ponto de vista estratégico, a transação é positiva pois investimentos adicionais no Oriente Médio permitiriam à companhia consolidar e fortalecer sua presença na região. A HPDC é uma subsidiária integral do fundo soberano da Arábia Saudita. Pelo acordo, a MBRF entrou com seus ativos na região com valor de US$ 2,07 bilhões, enquanto a companhia árabe terá uma participação de 10% na BRF Arabia, podendo chegar a 30% e com direito de atingir até 40%. Supondo que o veículo de investimento da PIF atinja a mencionada participação de 30% na Sadia Halal em algum momento, espera-se que aproximadamente US$ 313 milhões sejam injetados na joint venture e cerca de US$ 466 milhões sejam transferidos para a MBRF.
Ao exercer seu direito de aumentar sua participação acionária para 40%, o aporte de capital na BRF Arabia totalizaria US$ 432 milhões, com a MBRF arrecadando US$ 585 milhões. No longo prazo, a transação é considerada o passo inicial para um potencial IPO (abertura de capital) na Bolsa de Valores de Riad a partir de 2027. O que poderia representar mais uma rodada de fortalecimento da plataforma. Esta mudança posiciona a MBRF para consolidar sua liderança em regiões Halal de alto crescimento e potencialmente expandir além da avicultura para nichos de carne bovina. Os ativos da MBRF na joint venture incluirão suas empresas de distribuição localizadas no Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, bem como suas unidades fabris na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, e seus negócios de exportação direta para clientes na região Oriente Médio e Norte da África, excluindo ativos turcos.
Os ativos transferidos para a BRF Arábia representam US$ 230 milhões em Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), gerando um indicador EV/Ebitda (relação entre valor da empresa e Ebitda) de 9 vezes, acima da maioria dos seus concorrentes. Por outro lado, a injeção de capital na MBRF não parece ser um divisor de águas para o balanço da empresa neste momento. Para o curto prazo, haverá uma assimetria negativa em relação ao consenso do mercado para o ano fiscal de 2026, enquanto o lado comprador antecipa uma normalização no ciclo avícola ao longo de 2026. O negócio depende ainda de aprovação de órgãos antitruste com previsão de conclusão no 1º trimestre de 2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.