23/Oct/2025
O boi gordo tem tido reajustes positivos de preços desde agosto em todas as regiões, mas em intensidades distintas, alterando os diferenciais em relação à base São Paulo. Esses movimentos estão relacionados à capacidade produtiva, principalmente em confinamento nesta época do ano, à presença de plantas exportadoras e, por consequência, à disponibilidade de carne em cada Estado ou grande região. A movimentação dos preços reflete também a modalidade de negociação predominante em cada localidade, nos diferentes momentos. A intensificação de contratos, por exemplo, diminuiu significativamente a demanda dos frigoríficos no mercado spot nos últimos meses. O impacto se torna visível nos diferenciais entre São Paulo e Mato Grosso, onde está o maior volume confinado do Brasil e grandes vendas se baseiam justamente em contratos, que dão garantia de escoamento da produção.
Logo após julho, mês em que a diferença de preços entre Mato Grosso e São Paulo foi de apenas R$ 3,95 por arroba, a menor da história, o diferencial a favor de São Paulo passou a aumentar expressivamente. Em agosto, esteve em R$ 11,62 por arroba, passou para R$ 13,76 por arroba em setembro, e em outubro já está em R$ 19,07 por arroba. O aumento do diferencial entre São Paulo e Mato Grosso nos últimos meses destoa do registrado para a maioria das regiões. Minas Gerais e Goiás também tiveram pequenos aumentos do diferencial de setembro para outubro. O mais comum tem sido os preços se aproximarem dos de São Paulo. Em Mato Grosso do Sul e no noroeste do Paraná, inclusive, em setembro e em outubro, as médias superam as de São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a média na parcial deste mês está R$ 37,00 por arroba acima da média de São Paulo. Em outubro/2024, a diferença a favor de São Paulo foi de R$ 11,53 por arroba.
Em setembro, Mato Grosso do Sul também esteve à frente, com a diferença média de R$ 1,80 por arroba. No mês anterior, agosto, São Paulo ainda liderava com R$ 1,44 por arroba acima. Em Mato Grosso do Sul, o rebanho confinado é menor que o de São Paulo, além do que o Estado tem muitas propriedades voltadas à cria, o que torna a oferta relativamente menor que em outras regiões mais especializadas em engorda. Como consequência, a disponibilidade de carne em Mato Grosso do Sul diminuiu bem mais que em outros Estados em outubro e, em setembro, o Estado havia sido o único a ter tido redução da disponibilidade frente a agosto. No comparativo com a região noroeste do Paraná, também há “inversão” do diferencial. Em agosto, São Paulo estava R$ 3,44 por arroba acima; em setembro, o noroeste do Paraná abriu vantagem de R$ 1,17 por arroba e, na parcial deste mês, se mantém à frente, em R$ 0,18 por arroba. Em outubro/2024, a diferença entre São Paulo e o noroeste do Paraná foi de R$ 14,87 por arroba a favor de São Paulo.
No Paraná, a pecuária conta com uma faixa menor de produção, fator que aumenta a sensibilidade a alterações na oferta de bovinos e produção de carne. Mais ao Norte do País, observa-se grandes diferenciais, mas que também têm diminuído em relação a São Paulo. Esse é o caso de Rondônia, Tocantins, Pará e da Bahia (Região Nordeste). Na parcial de outubro, o diferencial de Rondônia está em R$ 32,65 por arroba; em Tocantins, está em R$ 23,25 por arroba; no Pará, em R$ 21,20 por arroba; e, na Bahia, em R$ 19,64 por arroba. Na parcial de outubro, o preço médio do boi gordo em São Paulo acumula alta de 2,24%, a R$ 310,90 por arroba. A média mensal está em R$ 307,95 por arroba, contra R$ 308,51 por arroba em Mato Grosso do Sul; R$ 308,27 por arroba no noroeste do Paraná; R$ 287,06 por arroba em Goiás; R$ 289,06 por arroba em Mato Grosso; R$ 285,17 por arroba em Tocantins; R$ 286,95 por arroba no Pará; R$ 275,56 por arroba em Rondônia; e R$ 288,31 por arroba na Bahia (todas à vista e livre de Funrural). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.