23/Oct/2025
A American Farm Bureau Federation (AFBF) alertou que o mero anúncio de uma possível abertura das importações de carne bovina da Argentina pelos Estados Unidos já provocou efeitos adversos nos mercados estadunidenses de gado. Há movimentos de queda no mercado futuro por três semanas consecutivas, o que impediu os pecuaristas de gerenciarem riscos por meio do uso de contratos LRP (um seguro de proteção contra queda de preços do gado). O setor de gado é um dos mais saudáveis da economia agrícola no momento, e a ideia de importar carne bovina para, em última análise, reduzir os preços do gado é prejudicial à renda do pecuarista. Excluindo o apoio federal ad hoc fornecido pelo Congresso norte-americano, a renda agrícola líquida caiu, e as receitas das fazendas agrícolas caíram US$ 71 bilhões em relação a três anos atrás.
Portanto, é o lado do gado no balanço que sustenta a economia agrícola. Tentar baixar os preços da carne bovina quando essa é a parte da economia agrícola que sustenta a América rural cria muita incerteza, especialmente porque os produtores rurais norte-americanos estão começando a pensar em recompor o rebanho. A ideia de que é preciso baixar os preços da carne bovina seria um golpe duplo que a economia agrícola simplesmente não consegue suportar. As declarações chegam em meio à repercussão da sugestão do presidente Donald Trump de importar carne bovina da Argentina como uma medida para aumentar a oferta e reduzir os preços no varejo. A AFBF manifestou preocupação com a proposta e salientou que muitos pecuaristas norte-americanos enfrentam condições financeiras severas. A queda nos preços do gado é a última coisa necessária em uma região rural já pressionada.
Importar carne estrangeira em larga escala pode colocar em risco a autossuficiência alimentar dos Estados Unidos e desestimular a recomposição do rebanho doméstico. A National Cattlemen's Beef Association (NCBA) reagiu criticando a iniciativa de Trump, afirmando que ela poderia prejudicar os produtores domésticos e distorcer o mercado. Foram citados ainda riscos sanitários relacionados à Argentina e ressaltado que a medida não necessariamente traria reduções nos preços ao consumidor. Diante desse cenário, a AFBF reforça sua posição de diálogo com o governo norte-americano, mas insiste que qualquer iniciativa de importação de carne bovina estrangeira precisa levar em conta os impactos sobre os produtores domésticos, sobretudo quando a própria economia agrícola ainda se recupera de perdas significativas de receita. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.