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22/Oct/2025

Boi: certificação de carne livre de desmatamento

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) lançou, nesta terça-feira (21/10), o sistema de certificação Beef on Track (BoT), para carne bovina livre de desmatamento. A iniciativa está em harmonia com a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, que se alicerça na meta de reduzir o desmatamento e as emissões provenientes da agropecuária. Hoje, parte da produção pecuária nacional já está isenta de desmatamento e atende a requisitos de conformidade legal e social, mas não há um instrumento que dê visibilidade a isso. O BoT vem preencher essa lacuna. De acordo com o Imaflora, o BoT tem quatro níveis de certificação e vai analisar informações da cadeia da pecuária de corte, certificando-se da inexistência de desmatamento ilegal e de produção de gado em áreas sob embargo ou em terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas.

Também será exigida a não figuração em listagens de trabalho análogo à escravidão. Para os níveis mais elevados, será preciso comprovar desmatamento zero. Os produtos certificados receberão um selo aplicado diretamente nos cortes de carne, o que permitirá ao consumidor final, em qualquer parte do mundo, fazer sua escolha na gôndola do supermercado. O selo tende a se tornar um facilitador para os frigoríficos que exportam para mercados que buscam produtos livres de desmatamento. É o caso da União Europeia, com a Lei Antidesmatamento (EUDR), que entrará em vigor no início de 2026; do Reino Unido, que editou a Environment Act 2021 para eliminar desmatamentos de sua cadeia de fornecimento, e da China, que tem acordos com o Brasil para um comércio bilateral livre de desmatamento. O Imaflora afirma que o BoT já conta com a adesão das empresas que compõem a Tianjin Meat Association, da China.

Pela parceria estabelecida, a Tianjin se dispõe a comprar pelo menos 50 mil toneladas de carne identificadas com o selo BoT até junho de 2026, o equivalente a 2,5 mil contêineres de 20 toneladas. Internamente, instituições como Tropical Forest Alliance, Proforest, Amigos da Terra, World Resources Institute (WRI), World Wide Fund for Nature (WWF) e National Wildlife Federation (NWF) manifestaram apoio formal à iniciativa. Segundo o Ministério da Agricultura, com os Estados Unidos mais distantes das preocupações ambientais, a China pode ocupar esse posto de ser referência em questões ambientais. Há anos a China não considera apenas preço competitivo e que tem a sustentabilidade como uma das suas demandas. É missão do Brasil privilegiar esses termos ambientais e colocar um produto no mercado do ponto de vista superior também em sustentabilidade.

Há muita preocupação ambiental e quem sabe em futuro próximo o Brasil possa ter um selo internacional para a carne. Existe uma série de certificados e protocolos para produtos agropecuários verdes no País, mas é necessário reconhecimento internacional dessas práticas. O Brasil precisa de padrões internos com visibilidade internacional, como é o caso da Austrália, que tem a carne reconhecida pela sustentabilidade. A maior remuneração com preços diferenciados a produtos “verdes” é o principal indutor para adoção de práticas mais sustentáveis no campo e para que os produtores busquem os certificados. Segundo a WRI, Brasil e China têm potencial de firmar acordos com salvaguardas ambientais e para redefinir o desenvolvimento das cadeias. Há um compromisso concreto da China voltado à descarbonização e à economia de baixo carbono. É preciso aumentar a ambição da necessidade de transição para economia de baixo carbono.

Neste sentido, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará destaca que a exigência de importadores de critérios adicionais de sustentabilidade sobre a carne bovina brasileira deve ser acompanhada de maior remuneração aos produtores. A exigência da China sobre frigoríficos brasileiros de exportação de carne de bois com menos de 30 meses de idade teve um resultado positivo gerado por demanda de mercado. A redução na idade média do boi cobrada pela China reduziu drasticamente a emissão de carbono no Pará. Destaque para o programa de rastreabilidade desenvolvido pelo governo do Pará atrelado à conformidade ambiental. O grande objetivo de rastreamento das cadeias primeiramente é separar o legal do ilegal. Porém, ainda não se vê sinais claros do mercado quanto à demanda por produtos livres de desmatamento. O maior mecanismo de comportamento são os sinais de mercado. A partir do momento que China valoriza produtos livres de desmatamento, principal destinatário da carne paraense, a certificação deve avançar. O Pará exporta de 110 mil a 115 mil toneladas por ano de carne bovina à China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.