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21/Oct/2025

Leite: preço ao produtor deve se manter pressionado

Os preços do leite cru no campo têm registrado quedas consecutivas há cinco meses, e o setor projeta que a desvalorização persista até o final do ano em razão do crescimento da produção. Esta, por sua vez, resultado tanto dos investimentos realizados no campo quanto do aumento sazonal típico da primavera e do verão. Em agosto, houve recuo de 3,2% no preço frente a julho, fazendo com que a “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) chegasse a R$ 2,5369 por litro, queda real de 12,6% em relação a agosto/2024 (deflacionamento pelo IPCA de agosto). O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu 3,3% de julho para agosto na “Média Brasil”. No acumulado do ano, o ICAP-L cresceu 6,1%.

Com o mercado abastecido, a perspectiva é de que o preço do leite de setembro registre nova queda, entre 2% e 3%. O aumento na produção tem se mantido de forma consistente no último ano, resultado das margens mais interessantes desde 2024. Pesquisas mostram um cenário de custos em queda há três meses, com redução de 0,89% no Custo Operacional Efetivo (COE) em setembro, influenciado sobretudo pela diminuição nos gastos com a ração. Essa queda nos custos com a ração, especificamente, foi pontual e se explicou pelo escoamento de estoques nas casas agropecuárias, já que os preços dos grãos seguiram em alta. Esse contexto levanta uma preocupação para os produtores sobre a continuidade desse cenário de custos controlados.

Quando analisada a relação de troca leite por milho, observa-se perda no poder de compra do pecuarista frente ao grão entre julho e agosto, ainda que o resultado esteja melhor do que na média dos últimos 12 meses. Além do aumento da produção, a disponibilidade interna também se elevou em setembro, devido ao aumento de 20% no volume de lácteos importados. Foram adquiridos 198,11 milhões de litros em equivalente leite, dos quais quase 80% foram de leites em pó. Mesmo com o aumento de quase 11% nas exportações de lácteos em setembro, o mercado interno permanece bem abastecido. De janeiro a setembro de 2025, o volume de lácteos importados, em litros de equivalente leite, recuou 4,8% em relação ao mesmo período de 2024.

Ainda assim, o total importado alcançou cerca de 1,65 bilhão de litros em equivalente leite, um volume considerado alto pelos agentes do setor, o que mantém a pressão sobre os preços no mercado doméstico. As exportações, por outro lado, recuaram 36,7% no acumulado do ano, somando pouco mais de 52,9 milhões de litros em equivalente leite. A disponibilidade (produção e importação) continua, portanto, avançando de forma consistente, mas o consumo não cresce na mesma intensidade. Com isso, a demanda não consegue absorver a oferta, mantendo o movimento de desvalorização ao longo da cadeia. Em setembro, o leite UHT, queijo muçarela e o leite em pó registraram desvalorizações de 2,87%, 2,08% 1,66%, respectivamente, no atacado de São Paulo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.