20/Oct/2025
A indústria de processamento de carne suína dos Estados Unidos enfrenta um período de intensa turbulência, com uma série de crises legais, trabalhistas e regulatórias que colocam as maiores empresas do setor sob os holofotes. Questões que vão desde a manipulação de preços em larga escala até a exploração de trabalho infantil ilegal e a flexibilização das normas de segurança nos frigoríficos compõem um cenário desafiador para a cadeia produtiva. No campo jurídico, o maior acordo judicial sobre fixação de preços da história do país está se encerrando com um novo e pesado pagamento. A Tyson Foods foi condenada a desembolsar US$ 85 milhões em uma ação coletiva de consumidores, na qual foi acusada, junto com outras gigantes do setor, de conspirar para limitar a oferta e inflar artificialmente os preços da carne suína.
A Tyson é a última das grandes processadoras a fechar um acordo neste caso, que já viu a Smithfield Foods pagar US$ 75 milhões em 2022, além de acordos firmados por JBS, Hormel Foods e outras companhias. A onda de litígios se estende por toda a cadeia, com dezenas de redes de supermercados, como a Kroger, e de restaurantes, incluindo o McDonald’s, também processando as empresas por práticas anticompetitivas. Paralelamente, a questão do trabalho ilegal, um problema crônico nos frigoríficos norte-americanos, ganhou um novo e alarmante capítulo. Em setembro de 2025, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos revelou que, desde 2019, crianças em situação ilegal foram encontradas trabalhando em turnos noturnos em uma planta de processamento de suínos da Seaboard Triumph Foods em Sioux Falls, Iowa. Historicamente, a indústria tem sido acusada de empregar mão de obra ilegal para preencher vagas em trabalhos exaustivos e perigosos, uma prática muitas vezes ignorada pelas autoridades.
Para completar o quadro de desafios, a segurança dos trabalhadores voltou ao centro do debate. Uma mudança legislativa implementada na primavera de 2025 permitiu que muitas plantas de suínos e aves aumentassem a velocidade de suas linhas de processamento. A medida faz parte de um sistema de inspeção “modernizado” que transfere tarefas de fiscalização, antes a cargo de inspetores federais, para os próprios funcionários das empresas. A decisão, anunciada em março pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) como uma forma de reduzir os encargos sobre a indústria, gerou fortes preocupações sobre o aumento dos riscos de acidentes e potenciais problemas de bem-estar animal, apesar de o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) afirmar que não há ligação direta entre a velocidade das linhas e as lesões no local de trabalho. Fonte: Pig Progress. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.