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08/Oct/2025

Boi: exportações compensam a queda de margens

Segundo o Banco BTG Pactual, o Brasil consolidou a posição de principal fornecedor global de carne bovina no terceiro trimestre, com exportações recordes que compensaram a deterioração das margens no mercado doméstico e mantiveram a rentabilidade dos frigoríficos. O desempenho reflete a combinação de demanda global aquecida, oferta restrita nos principais concorrentes e a capacidade brasileira de redirecionar embarques após as tarifas impostas pelos Estados Unidos. As exportações de carne bovina atingiram 860 mil toneladas no terceiro trimestre, recorde da série histórica e alta de 22,7% ante o segundo trimestre, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A receita saltou 31,3% no período, para US$ 4,809 bilhões, com preços sustentados em US$ 5.591,00 por tonelada, equivalente a R$ 30.458,00 por tonelada, ou cerca de R$ 182,00 por arroba.

Em setembro, o volume diário de embarques chegou a 14,3 mil toneladas, também recorde, com preços estáveis em relação a agosto. As exportações de carne bovina mais uma vez se destacaram, com volume 25% superior ao do ano passado e 17% acima do mês anterior em setembro, um recorde. As margens de exportação caíram 1% na comparação mensal, mas permaneceram 6% acima dos níveis do segundo trimestre. Ressalta-se a demanda global robusta e a capacidade do Brasil de redirecionar embarques após as recentes tarifas dos Estados Unidos. O mercado externo tem sido determinante para a saúde financeira dos frigoríficos brasileiros, em um momento em que o mercado doméstico apresenta sinais de pressão. No terceiro trimestre, as margens domésticas recuaram 1,4%, conforme dados da Secex e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A queda ocorreu porque os preços da carne caíram mais do que os do gado no período.

Em setembro, porém, houve recuperação de 2% nas margens internas, sustentada por preços mais firmes da carne enquanto o boi gordo permaneceu estável. O ciclo de retenção atrasado manteve a oferta de gado elevada e os preços estáveis na comparação mensal, enquanto preços mais firmes da carne elevaram as margens em 2%. A dinâmica reflete a fase atual do ciclo pecuário brasileiro, com maior disponibilidade de animais para abate após anos de retenção de matrizes. O desempenho recorde nas exportações ocorre em um contexto de aperto na oferta global de carne bovina. Nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil, o ciclo de retenção de rebanho continua a restringir a disponibilidade de gado, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). As margens dos frigoríficos americanos subiram apenas 2% em setembro e permanecem 5% abaixo das médias históricas.

As tarifas recentes impostas pelos Estados unidos criaram oportunidades para o Brasil ocupar espaços em mercados tradicionalmente atendidos pelos norte-americanos. A China, principal destino da carne bovina brasileira, mantém compras aquecidas mesmo com a economia doméstica enfrentando desafios. A receita em Reais com exportações de carne bovina alcançou R$ 26,198 bilhões no terceiro trimestre, alta de 26,3% ante o segundo trimestre e de 50,1% na comparação anual. Apenas em setembro, a receita foi de R$ 431,3 milhões, avanço de 10,6% ante agosto e de 43,8% sobre setembro de 2024. Do ponto de vista cambial, a desvalorização do Real no terceiro trimestre favoreceu a competitividade brasileira. A taxa média de câmbio ficou em R$ 5,45 por dólar no período, ante R$ 5,66 no segundo trimestre, conforme dados da Secex. Em setembro, a taxa média foi de R$ 5,37 por dólar. Para os frigoríficos, o cenário é favorável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.