07/Oct/2025

A Tirolez anunciou nesta segunda-feira (06/10) a assinatura de contrato para aquisição integral da Levitare, de queijos produzidos com leite de búfala no estado de São Paulo. O acordo, que ainda passará pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), é o primeiro de aquisição de uma marca pela Tirolez, que acaba de completar 45 anos. O valor da operação não foi divulgado. O plano é acelerar o crescimento das duas empresas. a Tirolez identificou na Levitare missão e propósito que combinam. Ao mesmo tempo em que é uma empresa de raiz familiar e que preserva a tradição, possui uma forte cultura de inovação e utiliza as melhores práticas de fabricação de laticínios. O negócio trará um crescimento inorgânico de duplo dígito para a empresa e contribui para a aceleração da execução da estratégia da Tirolez. Conforme dados divulgados pela Tirolez, a Região Sudeste produz cerca de 48% do leite de búfala do País, sendo quase metade no Vale do Ribeira.

Com a Levitare, o portfólio da Tirolez passará a contar com mais de 50 produtos à base de leite de búfala. A Tirolez tem fábricas em Minas Gerais (Tiros e Arapuá), em São Paulo (Monte Aprazível e Lins) e em Santa Catarina (Caxambu do Sul). A fábrica da Levitare fica no Vale do Ribeira (SP). A Levitare afirmou que a aquisição permitirá a consolidação e crescimento não apenas da marca, mas também do mercado de queijos à base de leite de búfala no Brasil. A Tirolez espera um crescimento de dois dígitos na receita a partir da aquisição da Levitare. A meta da companhia é crescer mais de 10% ao ano até 2027, a fim de alcançar R$ 2,5 bilhões de faturamento. A Levitare vai trazer o duplo dígito de crescimento de faturamento a partir de incremento inorgânico. A companhia, concentrada em derivados de leite de vaca, avaliava fusão e aquisição (M&A) em categorias adjacentes desde o último ano para contribuir com a estratégia de aceleração de crescimento.

A Levitare se encaixa bem na estratégia e nas plataformas de negócios, de produtos de uso profissional (food service) e de nutrição e bem-estar. São mercados complementares e a Levitare atua em segmentos premium e superpremium do mercado de queijo. Além disso, o mercado de derivados de búfala cresce mais que o já consolidado de derivados de leite de vaca. Dados de mercado mostram avanço de 15% ao ano no segmento de derivados de leite de búfala nos últimos quatro anos, enquanto queijos e derivados de leite de vaca avançaram em torno de 1,8% no último ano. Derivados de leite de búfala é um mercado menor que cresce de forma acelerada. A expectativa da Tirolez é de que a aprovação pelo Cade possa ocorrer ainda neste ano. O mercado do leite é bastante pulverizado com nível de concentração baixíssimo. O acordo tende a ser analisado em rito expresso pelo Cade. O objeto da concentração não move a agulha do mercado de queijos brasileiros.

Os próximos passos da transação, havendo o aval do Cade para conclusão do negócio, será a integração das "sinergias operacionais", ou seja, aspectos ligados à captação de leite, compras, logística e distribuição nas quais as empresas podem se complementar. A integração começará pela parte interna. A fábrica da Levitare em Vale do Ribeira (SP) seguirá operando independente neste ano até porque é uma categoria nova à Tirolez e a ideia é preservar a cultura das empresas. A transição será "suave e harmoniosa". A integração deve se estender também ao próximo ano. No momento, a Tirolez não vê necessidade de expansão no parque fabril para atender à nova categoria. Algumas linhas da Levitare operam hoje com 50% da capacidade ociosa. Será aproveitada a capacidade instalada disponível, o que suportaria a expansão nos próximos dois anos. O parque fabril da Levitare possui equipamentos específicos para derivados de búfala e está posicionado na principal bacia leiteira de São Paulo.

A intenção da Tirolez é iniciar a expansão da Levitare, hoje concentrada na Região Sudeste, para demais regiões do País, utilizando a capilaridade da malha de distribuição da Tirolez. Capitais das Regiões Nordeste e Sul, além do estado do Rio de Janeiro, são os mercados alvos. A Tirolez possui uma participação forte no Sudeste, mas está presente em todos os Estados brasileiros. A ideia é levar a Levitare a outras regiões com a força de uma marca nacional. A indústria vê potencial ainda de exportação dos queijos de búfala. Os derivados de leite de vaca produzidos pela Tirolez já são exportados para Estados Unidos, Paraguai e Argentina. O foco é no mercado interno, mas, se for factível, pode aproveitar a plataforma de exportação, assim como utilizará a capilaridade da distribuição nacional. Após concluir sua primeira M&A, a Tirolez não descarta novos movimentos de crescimento inorgânico. Há necessidade de digerir essa primeira aquisição, executar a estratégia e entrar mais fortalecido para oportunidades mais à frente.

A capacidade financeira da empresa permite estudar outras fusões e aquisições. Essa aquisição será feita com geração de caixa próprio. A estrutura de capital atual dá condições de gerar caixa e participar de novas oportunidades. O investimento se dará também no crescimento orgânico. A aposta considera a tendência de evolução no mercado nacional de queijos. A Tirolez trabalha com a expectativa de aumento do consumo do produto pela população brasileira, atualmente em 6 quilos por habitante por ano. Países da América do Sul têm o dobro do consumo per capita e a Europa cinco vezes mais. Há grande oportunidade de ampliar o consumo de queijo tanto dentro do lar quanto fora do lar e movimento de retomada de consumo pela geração Z (jovens entre 16 e 28 anos) em busca de proteína. A Tirolez possui atualmente cinco fábricas no País: em Minas Gerais (Tiros e Arapuá), em São Paulo (Monte Aprazível e Lins) e em Santa Catarina (Caxambu do Sul), nas quais produz seus 28 tipos de queijos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.