01/Oct/2025
A indústria brasileira de etanol de milho avança em ritmo acelerado e consolida uma nova fronteira para a nutrição animal. Graças a tecnologias como a moagem seletiva e a separação de fibras, o setor não gera apenas um ingrediente, mas uma variedade de coprodutos com perfis nutricionais distintos, aplicáveis a aves, suínos e outras espécies. Esse modelo produtivo reflete os princípios da economia circular: enquanto o amido é convertido em etanol, proteínas, óleos e fibras se transformam em insumos de alto valor para rações. O resultado é oferta estável durante todo o ano, competitividade econômica e alternativas estratégicas para dietas mais eficientes. Para garantir previsibilidade nos resultados, é essencial conhecer a composição de cada coproduto e monitorar sua variabilidade natural. Ferramentas como o NIRS (Near-Infrared Spectroscopy), calibradas especificamente para os ingredientes produzidos no Brasil e considerando suas particularidades regionais, permitem maior precisão na formulação.
Na suinocultura, pesquisas revelam que o HPDDG (High-Protein Distillers Dried Grains) favorece o desempenho inicial dos leitões. Na fase de creche, observa-se aumento no consumo e no ganho de peso entre níveis de 30% a 40% de inclusão, além de redução da diarreia e melhora de até 40% no escore fecal. Mais que um coproduto, o HPDDG atua como aliado nutricional: fortalece o arranque e, usado de forma equilibrada, preserva eficiência e qualidade da produção. Na avicultura de corte, estudos apontam que o HPDDG pode substituir parte do milho e da soja sem comprometer desempenho, rendimento de carcaça ou saúde intestinal. A inclusão segura chega a 11% na fase inicial, 13% na de crescimento e 15% na final sem balanceamento adicional de BCAAs (aminoácidos de cadeia ramificada, Branched-Chain Amino Acids). Além disso, verificou-se efeito positivo sobre a moela, sem impactos negativos na cama, na morfologia intestinal ou na coloração da pele.
Entre as poedeiras, resultados do grupo de Sakomura (Unesp/Jaboticabal), em processo de publicação, reforçam os benefícios. A pigmentação da gema aumentou de forma linear até 24% de inclusão. A partir de 16%, houve também incremento no percentual de albúmen em ovos armazenados. Além da economia na formulação, o HPDDG agrega valor com maior pigmentação natural dos ovos. Outro coproduto em evidência é o CBS (Corn Bran with Solubles), recentemente estudado pela UFV. Conhecido no Brasil como DFS - Fibra Seca com Solúveis, o ingrediente surge como fonte de fibras com benefícios adicionais para poedeiras. Até 10% de inclusão não afetou a produção de ovos e mostrou ganhos em qualidade da casca (5%) e maior coloração da gema, atributos valorizados pelo consumidor. Os dados confirmam uma tendência irreversível: os coprodutos do etanol de milho se consolidam como ingredientes estratégicos na nutrição de aves e suínos, unindo competitividade econômica, segurança nutricional e avanços em sustentabilidade. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.