29/Sep/2025
O valor médio pago pela carne bovina brasileira no mercado internacional registrou alta de 16% entre janeiro e agosto de 2025, impulsionado pela demanda global e pela menor oferta da proteína entre grandes produtores. Isso consolidou o Brasil como um dos principais fornecedores globais da commodity, com maior poder de influência sobre as cotações. Segundo a Scot Consultoria, o preço da carne subiu em relação ao ano passado porque a demanda está firme. A Athenagro destacou que o Brasil tem conseguido aproveitar a perda de espaço no mercado global de importantes concorrentes, caso dos Estados Unidos, país que se tornou um importador líquido (mais compra do que vende). Isso contribui para o avanço das cotações no mercado internacional. Os Estados Unidos devem importar em 2025 cerca de 70% a mais de carne bovina do que exportar, reduzindo a disponibilidade global e sustentando os preços.
A questão fundamental é quanto de carne circula no mercado. E a quantidade que os Estados Unidos vão tirar do mercado internacional neste ano é muito maior do que em anos anteriores. Então, isso eleva os preços. E o Brasil, claro, faz parte desse pacote. A China, que permanece como principal destino da carne bovina brasileira, também ajuda a manter as vendas aquecidas. No acumulado até agosto, o país adquiriu 45,5% das exportações do Brasil, com 948 mil toneladas embarcadas, um avanço de 19,6% em relação a igual período de 2024. Ao todo, as exportações brasileiras somaram 2,71 milhões de toneladas até agosto, crescimento de 14,46% sobre 2024. Ou seja, as compras avançaram mais para o mercado chinês do que para os demais países. Os chineses se anteciparam à expectativa de oferta restrita no Brasil no segundo semestre, comprando mais para formar estoques.
Eles sabem que vão pagar mais agora e ainda mais no ano que vem, porque o Brasil entrará em declínio de produção. Então, podem ter comprado mais para garantir estoques. À demanda firme chinesa e à redução da oferta por mercados tradicionais, soma-se o papel do próprio Brasil na criação de novos hábitos de consumo no mundo, a partir da abertura de mais mercados para a carne bovina. O Brasil criou uma demanda externa quando passou a abastecer mercados carentes. Agora, mesmo com menor oferta de outros exportadores, o consumo continua crescendo. O avanço brasileiro também abre espaço em mercados que passam por mudanças estruturais de consumo, especialmente da Ásia. A Ásia tem mercados extremamente interessantes: países populosos, renda per capita aumentando, hábitos ficando cada vez mais ocidentalizados.
À medida que o Brasil oferta sua carne com preços competitivos, mais mercados vão se interessar. O aumento do apetite da Ásia também é citado por concorrentes do Brasil, pelo aumento no valor pago pela carne bovina. Segundo o Instituto Nacional da Carne do Uruguai (Inac), há aumento da demanda, especialmente na Ásia, que hoje importa metade da carne do mundo. A produção mundial cresce mais lentamente, com redução do rebanho e alta do preço do abate, além disso, há políticas que geram disrupção no mercado. Com exportações projetadas em 4,2 milhões de toneladas de equivalente carcaça em 2025, o Brasil deve ser responsável por 22% das vendas globais de carne bovina e por 35% da oferta líquida no mercado internacional no ano, segundo estimativas da Athenagro. Esse peso já começa a se refletir na precificação.
A tendência é a de que o Brasil tenha preços mais altos ao longo do tempo, à medida que passa a negociar com mais países, o que lhe garante opções melhores. A carne bovina brasileira ainda tem preços abaixo dos preços de seus concorrentes, o que abre espaço para um movimento de valorização, com o País exportando cada vez mais. A tendência é a de que o Brasil consiga influenciar mais os preços globais. Apesar da alta, há quem veja limites no ritmo de valorização. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) citou que a tendência é de limite no avanço dos preços. O cenário global é de diminuição de rebanho, o que leva a um aumento natural de preços na exportação. Mas, o preço não deve crescer muito mais do que está hoje. Deve ficar próximo da estabilidade nos próximos meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.