ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Sep/2025

Boi: valorização do bezerro estimula investimento

A estação de monta da pecuária se aproxima e o segmento de genética nota maior interesse dos pecuaristas de cria. Conforme dados do Index Asbia/Cepea, no primeiro semestre, as vendas de sêmen de bovino de corte superaram em 5,5% as dos seis primeiros meses de 2024 e, ao longo deste segundo semestre, podem ter aumento ainda maior. Cerca de um terço do sêmen de corte é comercializado no primeiro semestre, conforme informações da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). A maior parte é demandada no segundo e, neste ano, a valorização consistente do bezerro deve dar um bom impulso às vendas. Há um ano, o Indicador do bezerro Cepea/Esalq referente a Mato Grosso do Sul está em tendência de alta.

O valor atual, R$ 2.970,59 por cabeça, supera todos os anteriores da série diária (nominal) desde janeiro de 2022. Em termos reais, a média de setembro/2025 é a maior desde dezembro de 2021 e a segunda mais elevada da história para o mês, atrás apenas de setembro/2021, R$ 3.105,08 por cabeça. Em comparação a janeiro, a valorização real é de 13%, a mais significativa para o período desde 2020, ano em que a China iniciou demanda forte pela carne brasileira. Em 2024, conforme o Index Asbia/Cepea, as vendas de sêmen para corte cresceram apenas 3% frente ao ano anterior, praticamente estável. Com a recuperação dos preços da arroba a partir de setembro/2024, no entanto, houve acelerada expansão no último trimestre. Naquele período, o total vendido superou em 25% o do mesmo trimestre de 2023.

A valorização consistente do bezerro tem refletido a produção limitada, decorrente do maior abate de vacas e novilhas ao longo dos últimos dois anos e, no primeiro semestre deste ano, cresceu ainda mais. Os preços baixos da arroba em 2023 e até meados de 2024 desestimularam investimentos na estação reprodutiva, além do que o clima impactou fortemente as pastagens em muitos meses. Esse quadro influenciou a oferta de bezerro e de boi magro neste ano e deve ter impacto também no próximo, o que reforça o interesse de pecuaristas de cria por investir na produção de bezerros. Do lado da demanda, o reposicionamento dos preços dos bovinos para abate ocorrido em setembro/outubro do ano passado motivou confinadores a intensificarem a procura por boi magro e por novilha já em meados do primeiro semestre de 2025.

Com isso, a oferta de bovinos de reposição foi diminuindo, sendo atualmente baixa, e os preços firmes. Ao mesmo tempo, os confinamentos estão mais abastecidos que no ano passado e mantêm a oferta para abate em volume até mesmo superior à procura. À medida que elevaram seus estoques, confinadores aumentaram também a comercialização via contratos, como forma de dirimir o risco de comercialização. Essa estratégia adotada em larga escala reduziu os volumes negociados no mercado de balcão. A necessidade de compra dos frigoríficos no spot, nas últimas semanas, tem ficado abaixo das ofertas, ocasionando alongamento das escalas e pequenas quedas dos preços em quase todas as regiões. É preciso considerar ainda que frigoríficos também contam com lotes próprios.

No estado de São Paulo, o preço médio do boi gordo se mantém relativamente estável nos últimos sete dias, abaixo de R$ 305,00 por arroba. No estado de São Paulo, o bezerro nelore é negociado acima de R$ 2.700,00 desde meados de maio e o boi magro, ao redor de R$ 4.000,00 desde meados de janeiro (valores deflacionados pelo IGP-DI). Considerando-se médias mensais deflacionadas, a arroba do boi gordo no estado de São Paulo registra leve desvalorização de 1,84% no acumulado deste ano (de dezembro/2024 até a parcial de setembro/2025), ao passo que os preços do bezerro subiram 6,5% e os do boi magro, 4,5%. De setembro/2024 para setembro/2025, o boi gordo se valorizou 19%, enquanto o bezerro avançou 35% e o boi magro, 30%. Nesta parcial de setembro, terminadores de São Paulo precisam de 8,95 arrobas de boi gordo para a compra de 1 bezerro, 8,5% a mais que em dezembro/2024, de 8,25 arrobas/bezerro.

A relação de troca atual também está 14% acima da registrada em setembro do ano passado (7,85 arrobas). A maior valorização do bezerro frente ao boi, da série Cepea, requerendo 10,37 arrobas por bezerro, foi em outubro/2021. No caso do boi magro, os pecuaristas terminadores precisam, na parcial deste mês, de 13,47 arrobas de boi gordo, contra 12,65 arrobas em dezembro/2024 e 12,27 arrobas em setembro/2024, ou seja, respectivas pioras de 6,5% e de 9,8%. A maior valorização do boi magro frente ao boi gordo, contra troca de 14,86 arrobas/boi, foi em julho/2015. Todas as comparações foram realizadas com médias mensais deflacionadas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.