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23/Sep/2025

Frango: China pode voltar a comprar carne do Brasil

A China pode voltar a comprar frango brasileiro já em outubro. A expectativa é de interlocutores do governo e da indústria que acompanham a missão técnica da autoridade sanitária chinesa ao País. As exportações brasileiras de produtos avícolas à China estão suspensas desde 16 de maio, quando foi registrado um caso de gripe aviária em plantel comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul, conforme prevê o protocolo bilateral sanitário acordado entre os países. A auditoria da Administração Geral de Alfândega da China (GACC) para avaliar os controles do país relacionados à Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) começou nesta segunda-feira (22/09) e se estende até o próximo domingo (28/09). Os inspetores chegaram ao País no domingo (21/09).

A primeira agenda ocorreu nesta segunda-feira no Ministério da Agricultura onde houve apresentação pela parte chinesa dos objetivos e elementos da auditoria e avaliação e apresentação pela parte brasileira do sistema brasileiro de controle e prevenção da Influenza Aviária, o programa nacional anual de vigilância de doenças, o plano de contingência para emergências zoossanitárias. No roteiro da GACC no País estão visitas a granjas de corte e de reprodução em Feliz e Pareci Novo, unidades integradas no Rio Grande do Sul, que fornecem a produção para frigorífico de Montenegro, anteriormente habilitado à exportação à China. Frigorífico abatedouro e fábrica de ração em São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul, também estão no rol da visita.

Os inspetores chineses também visitarão o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em São Paulo (LFDA), referência no País para gripe aviária e responsável pelos exames da doença, para auditoria e avaliação da capacidade de diagnóstico do laboratório na coleta de amostras, métodos de detecção e registros de focos da influenza aviária. O Instituto Biológico, centro de pesquisa vinculado à Secretaria de Agricultura de São Paulo, também será auditado quanto à verificação de controle da Influenza Aviária. Ao fim, está prevista uma nova reunião entre a delegação chinesa e o Ministério da Agricultura para comunicação pela parte chinesa dos resultados preliminares da auditoria e discussão sobre os próximos passos.

A China é o principal destino do frango brasileiro, sendo responsável por 13% dos embarques da proteína brasileira. Em 2024, o Brasil exportou 561 mil toneladas de carne de frango à China, gerando US$ 1,288 bilhão em vendas externas. A missão técnica é considerada etapa crucial para retomada dos embarques ao mercado chinês, o principal mercado que mantém as suspensões temporárias até o momento. Não há, contudo, uma data estipulada para o retorno, já que a decisão depende de cada país importador. Concluída a missão no Brasil, a GACC deve apresentar um relatório técnico da auditoria ao Ministério da Agricultura. A expectativa do governo e da indústria é de que, após a auditoria ao sistema de inspeção federal brasileiro, a China reconheça o status do Brasil de livre de gripe aviária no plantel comercial e autorize novamente a entrada do frango brasileiro.

Do ponto de vista técnico, as questões estão superadas e não há algo que possa travar o processo. Há alas da grande indústria, contudo, que veem o Brasil "fora" do mercado chinês até o fim do ano, dada a extensão e a burocracia dos procedimentos técnicos chineses. O Brasil busca retomar a exportação de frango para a China após a conclusão do caso de gripe aviária e a recuperação do status de país livre de gripe aviária em plantel comercial, com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) obtido desde o fim de junho. O protocolo acordado entre Brasil e China prevê que o Brasil pare de certificar as exportações para o mercado chinês em caso de gripe aviária em plantel comercial. O reconhecimento do status sanitário brasileiro e a retomada das exportações dependem da validação da autoridade sanitária chinesa, assim como ocorre com os demais países importadores dos produtos avícolas nacionais.

O Ministério da Agricultura enviou ainda em junho um dossiê técnico de informações para avaliação da GACC para consequente autorização do retorno das exportações e restituição da habilitação dos frigoríficos aptos a exportar ao país. Antes da suspensão temporária, 51 frigoríficos brasileiros estavam habilitados a exportar carne de frango e derivados ao país asiático. Outras 8 plantas estavam suspensas de exportar ao país asiático desde julho de 2024, quando foi registrado um caso da doença de Newcastle em aviário de Anta Gorda (RS). Em julho, a GACC solicitou informações adicionais sobre a situação do Rio Grande do Sul e as medidas tomadas para evitar que a gripe aviária se espalhasse em um questionário enviado ao Ministério da Agricultura.

As respostas foram encaminhadas e havia expectativa de conclusão da análise pela GACC em agosto. Interlocutores que acompanham as tratativas não descartam ainda uma eventual influência política sobre a decisão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu pessoalmente ao presidente da China, Xi Jinping, que o país volte a comprar frango brasileiro. O pedido foi feito por Lula durante telefonema a Xi em 11 de agosto, no qual o presidente brasileiro teria mencionado o assunto três vezes durante a ligação com o líder chinês. Xi teria dito a Lula que buscaria a resolução do tema. Essa delegação atual veio ao Brasil após o apelo feito por Lula. Há um movimento político importante nesse sentido. Na ocasião, Lula lembrou a Xi que o Brasil é o principal fornecedor de pés de frango à China, com comércio de cerca de US$ 1 bilhão por ano.

A China geralmente leva entre um ano e dois anos para reabrir o mercado a qualquer país em casos de Influenza Aviária. A comprovação da eficiência do sistema sanitário brasileiro com o bom momento da relação bilateral entre os países pode acelerar esse processo e demanda uma gestão de alto nível para o tema. Talvez para atender ao pedido do presidente Lula e com o desenrolar do processo técnico, a China possa liberar os embarques até o fim de outubro. Outras questões também podem refletir na celeridade chinesa para reabrir o mercado ao frango brasileiro. Uma delas é o banimento da China de frigoríficos exportadores de frango da Tailândia por suspeita de fraude nos produtos comercializados. Uma fonte da indústria pondera, contudo, que a produção chinesa de carne de frango bate recorde, o que vem aliviando o abastecimento interno. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.