22/Sep/2025
Segundo o Rabobank, com o crescimento da oferta global de leite em alta, o mercado lácteo mundial deve enfrentar um período de aumento nos excedentes exportáveis, o que vai testar o equilíbrio de mercado ao longo do próximo ano. A velocidade de crescimento da oferta de leite na maioria das principais regiões exportadoras mudou, superando as expectativas anteriores. A produção de leite de julho nos Estados Unidos aumentou 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado, e este é o maior índice de crescimento desde 2021. Também teve uma produção muito forte na Nova Zelândia após um início recorde da nova temporada 2025/2026. A melhoria nas margens das fazendas, a recuperação dos surtos de doenças do ano passado e a ausência de eventos climáticos disruptivos devem impulsionar ainda mais a oferta de leite nos próximos meses.
Nas 7 principais regiões exportadoras (Nova Zelândia, Austrália, União Europeia, Estados Unidos, Uruguai, Argentina e Brasil) é esperado um crescimento da produção de leite de 2% na segunda metade de 2025, antes de desacelerar para 0,44% em 2026. Os preços pagos aos produtores na Europa e Oceania estão próximos de recordes históricos. Ao mesmo tempo, espera-se que os preços de insumos comprados, como ração, se mantenham favoráveis até 2026, já que a oferta abundante mantém os preços sob controle. Os mercados globais de lácteos ainda enfrentarão desafios no lado da demanda, particularmente entre consumidores de baixa e média renda. A demanda segue fraca em muitos canais de food service, e será necessário um aumento na confiança do consumidor para impulsionar os gastos discricionários. Apesar das mudanças na oferta e na demanda, o preço do leite pago aos produtores na Nova Zelândia pode chegar a NZ$ 10,00 (US$ 5,95) por quilo de sólidos do leite, equivalente a NZ$ 0,83 (US$ 0,49) por quilo de leite para a temporada 2025/2026.
Embora uma recuperação gradual da demanda deva ajudar a absorver o volume adicional, é provável que haja uma leve queda nos preços no curto prazo. Um dos principais riscos para manter essa previsão de NZ$ 10,00/KgMS é o potencial de aumento da produção de leite na Nova Zelândia. Com condições climáticas amplamente favoráveis, fluxo de caixa forte e dias ensolarados, a temporada 2025/2026 pode ter uma ‘flush’ de primavera robusta, adicionando ainda mais pressão de oferta aos mercados globais. Essas dinâmicas sugerem que, embora o preço de NZ$ 10,00/KgMS ainda seja possível, será necessário um equilíbrio delicado entre crescimento da oferta e recuperação da demanda. Os desenvolvimentos comerciais serão um fator importante a observar nos próximos meses. Um acordo comercial entre Estados Unidos e China segue em compasso de espera, com ambas as partes prorrogando a trégua comercial por 90 dias, até 10 de novembro. Até lá, as tarifas recíprocas estão limitadas a 10%.
Recentemente, os Estados Unidos firmaram um acordo comercial com a União Europeia, resultando em tarifas fixadas em 15%. Além disso, a Comissão Europeia propôs a introdução de cotas tarifárias para diversos produtos agrícolas e alimentícios, incluindo alguns produtos lácteos dos Estados Unidos. Embora os volumes propostos sejam pequenos em comparação com mais de 100 mil toneladas de queijo da União Europeia e 50 mil toneladas de manteiga exportadas para os Estados Unidos, ainda representam um passo importante para aumentar o acesso do mercado para os produtos norte-americanos. Os planos de países importadores de leite de aumentar sua produção local e a próxima fase do ciclo econômico da China são outros fatores a serem monitorados para o setor global até o final do ano. Fonte: Interest.co.nz. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.