19/Sep/2025
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu a necessidade de uma transformação estrutural na pecuária nacional para que a carne brasileira alcance preços equivalentes aos de concorrentes internacionais, como Estados Unidos e Austrália. Não interessa o Brasil ter o maior rebanho do mundo, não interessa o Brasil ser o maior exportador de carne do mundo, quando a carne não atinge os valores que os Estados Unidos e a Austrália conseguem colocar no mercado. Cerca de 70% da carne bovina brasileira é consumida internamente, mas as exportações “são a elite do que é produzido internamente”. O setor precisa avançar para oferecer uma carne de qualidade em ambos os mercados. É preciso fazer uma revolução na pecuária para produzir o maior percentual possível de carne nobre, que tenha grande valor no exterior. O caminho envolve mais do que aprimorar a genética do rebanho.
Há necessidade de uniformizar a pecuária brasileira. O País precisa produzir carne de qualidade, tanto para o consumidor brasileiro quanto para o mercado internacional. A senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS) destacou a necessidade de o setor buscar a abertura de mercados mais valorizados. Ela também citou os desafios enfrentados pela carne bovina brasileira no comércio internacional, especialmente em virtude do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. A conquista do status de país livre de febre aftosa sem vacinação foi importante, mas a vigilância sanitária não pode “baixar a guarda”. Ainda é preciso conquistar mercados como o Japão, a Coreia do Sul e outros que pagam melhor pela carne. Esse é o objetivo: atingir mercados que remuneram mais e agregam valor. O tarifaço imposto pelos Estados Unidos tornou inviável a exportação para este destino.
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) destacou a pujança do País no mercado mundial de proteína bovina, mas também ressaltou o papel da genética na evolução da produção. O Brasil conquistou a produção de carne em quantidade. Agora, o grande desafio é produzir carne em qualidade, abastecendo o mercado interno e, principalmente, gerando riqueza para o País por meio das exportações. Os pequenos produtores terão papel central nesse avanço. Eles são a grande maioria e a base da pirâmide, a razão de o Brasil ser líder em produção de carne. O desafio é levar a eles a genética melhoradora. Entre os avanços recentes, a conquista do status de país livre de febre aftosa sem vacinação. Foi uma vitória importante, fruto de um trabalho técnico relevante do Ministério da Agricultura, que contou com apoio político fundamental.
Esse novo status sanitário reforça a expectativa de abertura do mercado japonês aos Estados da Região Sul já no fim deste ano. A ABCZ também destacou a o diferencial ambiental do Brasil no cenário global. A produção brasileira é responsável. O Brasil é o único país que preserva mais de 66% das reservas naturais. Às vésperas da COP30, é uma oportunidade para lançar um desafio ao mundo: que copiem o Código Florestal brasileiro. Ressalta-se ainda a posição de liderança do Brasil no mercado mundial de proteína bovina. O Brasil é o segundo maior produtor de carne do mundo e o maior exportador de carne do mundo. A Minerva Foods destacou a importância da produção uniforme e da busca por diversificação de mercados para a pecuária brasileira e a indústria frigorífica. O Brasil tem qualidade, mas precisa ser constante ao longo do ano e ocupar mercados que, por exemplo, a Austrália está ocupando. O rebanho brasileiro é heterogêneo, embora o País seja o maior exportador mundial de carne bovina. Foi destacada a dependência do mercado chinês e a necessidade de diversificação.
Hoje, 70% da produção fica no Brasil, e 50% do que é exportado vai para a China. Isso preocupa em função dos impactos de choques de mercado, como a suspensão de plantas e a oscilação de preços. A Minerva analisa cuidadosamente o mercado externo e o físico para entender os movimentos dos preços. O desafio da indústria é diversificar mercados e aproveitar todo o potencial de exportação do Brasil. A JBS vê espaço crescente no mercado global de carnes de alto valor agregado e projeta triplicar sua produção de cortes super premium nos próximos cinco anos. Atualmente, apenas 3% da produção da companhia se destina a essa linha, mas a meta é alcançar 10% no médio prazo. A demanda global por carne premium ainda não mostra sinais de limite, o que significa que há espaço para crescer: produzir porque existe demanda, e essa demanda está aberta, pedindo pelo produto. A expansão no segmento super premium representa não apenas aumento de volume, mas também maior valorização internacional.
Isso mostra o tamanho da oportunidade no mercado mundial, a força da demanda e o valor que pode ser capturado. A redução de abates nos Estados Unidos abre novas oportunidades para exportadores brasileiros. Com a redução dos abates nos Estados Unidos, mercados muito importantes deixam de ser atendidos, mercados que foram supridos por décadas e que, em determinados momentos, o Brasil não conseguiu acessar. A Norvida, da Suécia, elogiou o padrão de qualidade da carne brasileira. Mercados europeus enfrentam variações significativas na qualidade. Para a Suécia e muitos outros países na Europa, a qualidade sobe e desce. Como não há autossuficiência, muitas vezes você não tem uma qualidade estável da carne. Em contraste, a uniformidade da carne brasileira é um diferencial competitivo. O Brasil já tem um padrão bastante bom, uniforme. A implementação da EUDR, a lei antidesmatamento da União Europeia, abre novas oportunidades para o setor. O Brasil tem grande potencial no comércio internacional de carne. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.