11/Sep/2025
Setembro, estiagem forte em grande parte das regiões pecuárias, demanda firme por carne, especialmente para exportação, e preços dos bovinos para abate estáveis por semanas seguidas. A pecuária brasileira está exibindo resultados da “transformação” em curso, estreitamente alinhada aos movimentos do setor mundial. Os índices de preços da carne bovina mais recentes da FAO e do FMI (agosto e julho, respectivamente) estão nas máximas históricas. No mesmo sentido, a cotação em dólar da carne brasileira exportada está no maior patamar desde o final de 2022, com as médias dos últimos três meses superando em mais de 20% as de igual mês do ano passado, próximas a R$ 30 mil por tonelada, face ao patamar nominal um pouco abaixo de R$ 24 mil por tonelada em junho-julho-agosto/2024. O aumento dos preços tem sido acompanhado pelo crescimento do volume exportado, ao redor de 20% nos últimos três meses sobre iguais meses do ano passado.
É marcante a sequência de embarques mensais próximos de 300 mil toneladas. Em julho, a quantidade exportada foi recorde, chegando a 310,21 mil toneladas de carne in natura e processada, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em agosto, caiu 5%, mas também na expressiva marca de 295,23 mil toneladas. De um mês para o outro, o preço médio em dólar teve aumento de apenas 0,8%, enquanto, em Reais, recuou 0,6%. Em agosto, a China comprou 53,5% do volume exportado pelo Brasil, ou seja, 158,057 mil toneladas, o que representou 362 toneladas a menos que em agosto. O preço médio pago por este grande cliente subiu de US$ 5,53 mil para US$ 5,61 mil por tonelada. A segunda colocação, antes ocupada pelos Estados Unidos, foi tomada pela Rússia. Em agosto, os Estados Unidos compraram praticamente metade do volume de julho (9,3 mil toneladas) e a Rússia avançou da marca de 13,8 mil toneladas para 14,3 mil toneladas.
O México vem em terceiro lugar, mas suas compras diminuíram de julho para agosto: de 15,7 mil toneladas para 13,3 mil toneladas. Outro importante destino da carne brasileira continuou sendo o Chile, que demandou 11,85 mil toneladas em agosto, ante as 10,22 mil toneladas de julho. A originação dos volumes exportados continua liderada por Mato Grosso e São Paulo. Os gigantescos confinamentos de Mato Grosso forneceram cerca de 73,45 mil toneladas de carne para a exportação em agosto, o que representou aumento de 71 toneladas em relação ao volume de julho (mês recorde de exportação brasileira). Da quantidade de agosto, 57% foram para a China. São Paulo participou com 59,9 mil toneladas de carne, sendo 62% destinadas à China. O volume de São Paulo foi 3,6 toneladas menor que o de julho. Goiás é o terceiro Estado que mais exporta. Em agosto, seus embarques foram 2,5% menores que os de julho, na marca de 36,56 mil toneladas.
Mato Grosso do Sul aumentou em 3,4% a quantidade enviada, registrando 32,98 mil toneladas em agosto, dentre os grandes exportadores, apenas Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tiveram aumento do volume de julho para agosto. Rondônia teve diminuição de 7,5% do volume (25,97 mil toneladas) e Minas Gerais, de 7,5% (22,47 mil toneladas). Em resposta à intensa demanda externa, o setor produtivo nacional tem intensificado a produção em empreendimentos de grande escala. Essa condição eleva o risco financeiro do negócio e exige a adoção profissional de instrumentos de gestão de todo o processo (produtivo e financeiro), mesmo porque tamanhos confinamentos ocorrem com a participação de investidores acostumados a acompanhar indicadores sofisticados da gestão financeira. Nesse contexto, a programação de venda formalizada em contrato com a indústria se torna essencial. Com isso, os maiores volumes (de venda e de compra) não “passam” pelo spot que, ainda assim, conserva sua importância de ser o referencial para a formação de preços. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.