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10/Sep/2025

Boi: exportação brasileira de carne aos EUA recua

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros provocou forte retração nas exportações de carne bovina ao país em agosto. O volume embarcado caiu 51,1% na comparação com igual mês de 2024, totalizando 9.382 toneladas. Em relação a julho, a queda foi de 48,5%. O desempenho também provocou a queda dos Estados Unidos da segunda posição para a oitava entre os principais compradores da carne bovina do Brasil. A medida foi anunciada em 9 de julho pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e começou a valer em 7 de agosto. Apesar do desempenho negativo em agosto, o acumulado do ano ainda mostra crescimento expressivo.

Entre janeiro e agosto, o Brasil exportou 209 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, aumento de 71,5% em relação às 121 mil toneladas no igual período de 2024. Em receita, os embarques somaram US$ 1,22 bilhão, alta de 68,9% ante US$ 725 milhões registrados no ano passado. Para efeito de comparação, durante todo o ano de 2024 o Brasil exportou cerca de 229 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos, gerando receita de US$ 1,35 bilhão. A Abiec atualizou o valor estimado de perda com o produto que deixará de ser exportado para os Estados Unidos neste ano, em virtude do tarifaço que entrou em vigor em agosto. No mês passado, o cálculo estava em US$ 1 bilhão. Em 2024, o setor vendeu 229 mil toneladas para os Estados Unidos.

Até julho deste ano, já foram vendidas em torno de 200 mil toneladas. Ou seja, quase o equivalente ao total vendido em 2024. A perspectiva era acelerar o crescimento e vender entre 400 mil toneladas a 500 mil toneladas para o mercado norte-americano em todo o ano de 2025. Haverá um redirecionamento desse montante para outros países com menor rentabilidade. Então, pode ser que o setor deixe de faturar US$ 1 bilhão (com os Estados Unidos,) mas que fature, por exemplo entre US$ 650 milhões e US$ 700 milhões, reduzindo o prejuízo. Há outras variáveis na conta. A abertura do mercado de miúdos na Indonésia diminui a perda, assim como para Malásia. Então, se houver novas aberturas de mercado, as perdas vão diminuindo mês a mês. A carne está cada vez mais escassa globalmente. Não há países no mundo que tenham volume e qualidade da carne brasileira. A questão sanitária é favorável ao País.

Sobre os preços no mercado interno, há uma certa estabilidade e eles estão mais relacionados à economia do que ao tarifaço. A Abiec ressaltou que o apoio do governo brasileiro é "essencial" para reverter o tarifaço aplicado pelos Estados Unidos a uma cesta de produtos, que afetou também a carne bovina brasileira. O Brasil não pode ficar refém de 'intempéries' políticas. Em agosto, ainda deve haver uma parcela da carne bovina brasileira exportada para os Estados Unidos sob tarifas mais baixas, de 36%, 26,4% mais os 10% aplicados posteriormente. Como o tarifaço de 50% foi imposto a partir de 7 de agosto, parte dos embarques da carne bovina não teve incidência desta tarifa. O mês em que será possível medir de fato como está o apetite norte-americano pela carne brasileira é setembro.

De todo modo, há expectativa de que a exportação de alguns cortes para o mercado norte-americano se mantenha, caindo o volume, mas mantendo a rentabilidade. De todo modo, já na primeira semana de setembro há sinalização que as exportações totais de carne bovina brasileira continuam aquecidas, mesmo que o destino não seja os Estados Unidos. Conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, na primeira semana de setembro (cinco dias úteis), uma média diária de 15.667 toneladas de carne bovina, volume 30,77% acima da média diária de setembro inteiro de 2024, que foi de 11.981 toneladas. O valor pago carne bovina, de US$ 5.555,40 por tonelada, está 23,06% acima da média de setembro de 2024, que foi de US$ 4.514,10 por tonelada. Ninguém está confortável com tarifa. Quanto menor for, melhor. A possibilidade de reversão ao cenário anterior, antes do tarifaço de julho, seria melhor, apesar de ainda não ser o ideal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.