29/Aug/2025
O preço do leite captado em julho fechou a R$ 2,6236 por litro na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), com quedas de 1,16% frente a junho/2025 e de 8,42% em relação a julho/2024, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de julho). A desvalorização no campo ocorre em função do aumento da produção e da dificuldade da demanda em absorver a oferta. O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu quase 1% de junho para julho na “Média Brasil”.
Segundo dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a captação industrial de leite no Brasil alcançou 6,5 bilhões de litros no segundo trimestre de 2025, o que representaria um crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período de 2024. Além disso, ainda que de forma modesta (0,1%), esta seria a primeira vez na série histórica que o segundo trimestre apresentaria aumento frente aos primeiros três meses. Historicamente, o segundo trimestre coincide com a entressafra, quando normalmente há retração na produção.
No acumulado do primeiro semestre, a produção de leite no Brasil formalizada somou 12,98 bilhões de litros, 6,2% acima da verificada em igual intervalo do ano passado, reforçando a tendência de crescimento observada desde o início de 2025. Esse avanço na produção é explicado sobretudo pelos maiores investimentos dos produtores na atividade, devido a margens mais interessantes desde o segundo semestre do ano passado. Pesquisas mostram um cenário de custos ainda controlados, com a relação de troca de leite por milho seguindo vantajosa ao pecuarista leiteiro.
Em junho, o produtor precisou de 25,74 litros para adquirir 1 saca de 60 Kg de milho, resultado abaixo da média dos últimos 12 meses (26,5 litros/saca), movimento que não era observado desde outubro/2024. Com o aumento da disponibilidade interna, de janeiro a julho de 2025, o volume de lácteos importados, em litros em equivalente leite, caiu cerca de 5% sobre o mesmo período do ano passado. Ainda assim, somou quase 1,3 bilhão de litros em equivalente leite, patamar considerado elevado pelos agentes do setor e que reforça a pressão no mercado doméstico.
Enquanto a disponibilidade (produção e importação) avança de forma consistente, o consumo não cresce na mesma intensidade e não consegue absorver a oferta, intensificando as quedas de preços ao longo da cadeia. Indústrias continuam enfrentando pressão dos canais de distribuição quanto aos valores dos lácteos negociados. Em julho, o mercado de derivados seguiu registrando comportamentos distintos a depender do produto, com estabilidade para o UHT, desvalorização para o leite em pó e alta para muçarela. Esses resultados evidenciam o momento delicado e a dificuldade dos laticínios em assegurar margem. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.