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22/Aug/2025

Boi: PL visa direcionar orçamento da Apex à carne

A reboque do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, sobretudo sobre a carne bovina e o café, a Câmara dos Deputados vai dar visibilidade a uma iniciativa em maturação desde o ano passado: a de pleitear 30% do orçamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para que os parlamentares atuem de forma mais efetiva no comércio exterior. O foco será a proteína animal, que passará a ser o “produto de exportação” em todas as campanhas da Casa no exterior. Interessada direta, a bancada ruralista participa desta nova etapa do projeto, que prevê, além da divisão dos recursos da agência de fomento às exportações, a divulgação trimestral de sua contabilidade às comissões temáticas do Congresso.

O PL “renasceu” não só por causa das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas também pelo programa do governo brasileiro que amplia o uso de biodiesel na composição de combustíveis para automóveis no País. Com a alta da produção, estima-se um excedente de farelo, insumo de baixo valor comercial. A ideia, portanto, é agregar valor a esse subproduto do biodiesel, destinando-o à alimentação do gado e exportando, assim, um produto de maior preço: a carne bovina. O setor responde por cerca de 26% das exportações brasileiras. No passado, a estratégia de buscar recursos na ApexBrasil já havia sido adotada. Não por meio de um PL, e sim por inclusão direta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O processo, porém, não foi efetivado.

Já se constatou, também, que há obstáculos para obter esses recursos porque a agência segue o modelo de administração pública direta. Apesar de o argumento ser considerado “razoável”, haverá nova investida, pois a Apex também recebe verbas públicas. Envolvidos no projeto afirmam ser difícil encontrar dados sobre o orçamento da ApexBrasil. Eles estimam que o valor tenha sido de cerca de R$ 2 bilhões no ano passado e deva chegar a R$ 6 bilhões neste ano. Profissionais que atuam perto da instituição, porém, dizem que o montante não passa de R$ 1,5 bilhão. A ideia é a de que, assim como a Apex já faz hoje, fique a cargo dos deputados “vender” o produto brasileiro no exterior como uma pauta constante.

Além de atuar em eventos específicos do setor em todo o mundo, também há previsão de se fazer uma espécie de venda casada do produto. Ou seja, se um país estiver interessado no café brasileiro, por exemplo, haverá uma espécie de “política de reciprocidade”, como vem sendo chamada, de converter parte do negócio também em carne bovina. Após a apresentação formalmente na Câmara, os autores do texto também devem pedir um requerimento de urgência para que o PL seja encaminhado de forma célere na Casa. A medida também servirá como uma resposta antecipada a compradores de produtos brasileiros que alegam que, no Brasil, há uma competição entre produção de biocombustíveis e de alimentos.

O recado é especialmente preparado para a União Europeia. Com o direcionamento do farelo para bois, os deputados vão argumentar que as áreas não competem entre si no Brasil, mas que são complementares e que acabam impulsionando toda a cadeia produtiva. A ApexBrasil informou que está envidando todos os esforços possíveis para ajudar as empresas exportadoras brasileiras impactadas pelo tarifaço. Além de buscar mercados alternativos, a Apex está criando uma representação em Washington (EUA) para que empresários brasileiros e norte-americanos possam trabalhar para tentar retirar mais produtos da relação dos que foram sobretaxados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.