21/Aug/2025
O governo da Argentina confirmou, na terça-feira (19/08), um surto de gripe aviária altamente patogênica (IAAP) do tipo H5 em aves comerciais. O caso foi registrado em uma criação de galinhas poedeiras na cidade de Los Toldos, na província de Buenos Aires. O estabelecimento envolvido notificou o órgão sanitário sobre a presença de sinais clínicos compatíveis com a doença e, em seguida, foram coletadas e analisadas as amostras, que resultaram positivas, informou a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca.
Segundo a vigilância epidemiológica realizada, a região do estabelecimento não é significativa para a produção avícola. Com a confirmação, a Argentina notificará a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e suspenderá temporariamente as exportações de produtos avícolas para os países com os quais mantém um acordo sanitário de livre da doença, disse o governo.
No entanto, pelos resultados alcançados nos últimos meses, o país poderá continuar comercializando com as nações que reconhecem a estratégia de zonificação e compartimentos livres de IAAP. A Argentina poderá se autodeclarar livre da doença e restabelecer o status sanitário, o que permite a retomada das exportações, caso não surjam novos casos em estabelecimentos comerciais no período de pelo menos 28 dias. Enquanto isso, as ações sanitárias incluirão o abate das aves e a desinfecção no local. Uma zona de controle de 3 quilômetros ao redor do surto foi estabelecida para a aplicação de medidas de biossegurança e restrição de movimentação. Cinco meses após recuperar o mercado chinês, a Argentina pode ver suas exportações de carne de frango despencarem neste ano após a confirmação do surto de gripe aviária em granja comercial.
O país asiático, principal comprador do produto argentino, voltou a autorizar as compras da carne argentina em março deste ano, dois anos após suspender as importações por causa de um caso confirmado de gripe aviária no país. Apesar de o novo surto ter sido registrado em um estabelecimento de galinhas poedeiras, para produção de ovos, a Argentina suspendeu todas as exportações de produtos avícolas, a exemplo do que fez o Brasil em abril, quando houve o surto em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. A Argentina representa cerca de 1% das exportações mundiais (14º principal exportador em 2022), atrás de líderes como Brasil (28,3%) e Estados Unidos (16,2%), destacou um relatório de atividade avícola do Ministério da Economia argentino, publicado em fevereiro. No cenário global, a Argentina ocupa o 10º lugar na produção mundial de carne de frango, com participação de 1,8%.
Em 2024, a Argentina abateu 739 milhões de aves, equivalentes a 2,3 milhões de toneladas de carne de frango, das quais 93% foram destinadas ao consumo interno e o restante foi exportado. Segundo o governo argentino, as vendas externas do país cresceram a uma taxa anual de 10,2% entre 2004 e 2022, com suporte da China a partir de 2015. Entre 2007 e 2014, a Venezuela foi o principal comprador, perdendo protagonismo para a China, destino de 40% do volume embarcado em 2022. Contudo, em 2023, houve queda de 52,2% ano a ano no fluxo exportador, devido ao fechamento temporário de mercados por causa da gripe aviária. Em março, os valores e volumes exportados caíram abruptamente. A recuperação começou lentamente com as reaberturas graduais, ganhando força a partir de agosto de 2023, quando a Argentina recuperou o status de país livre perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Em 2024, já com a maioria dos mercados reabertos, foram exportados US$ 210 milhões, uma recuperação de 10% ao ano, mas insuficiente para compensar os níveis anteriores ao surto, já que a China, destino mais relevante antes do problema sanitário, permaneceu fechada à espera da aprovação das autoridades locais para a reabertura. No ano passado, os principais destinos da carne de frango argentina foram Arábia Saudita (16%), Vietnã (11%), Emirados Árabes (11%), Chile (6%) e Brasil (6%). O mercado de exportação de carne de frango da Argentina é relativamente pequeno se comparado ao de carne bovina, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário.
Em 2024, foram exportadas 185 mil toneladas de produtos avícolas comestíveis (incluindo frango inteiro, cortes e processados) totalizando US$ 222,2 milhões. Em volume, as exportações cresceram 15,7% em relação a 2023, mas ficaram 15,9% abaixo da média dos últimos cinco anos, reflexo de uma produção estável no período frente ao aumento do consumo interno. Nos primeiros quatro meses de 2025, as exportações de produtos avícolas comestíveis somaram US$ 64,9 milhões, 13% abaixo de igual período do ano anterior, destacando-se as primeiras exportações para a China desde a reabertura, totalizando US$ 1,1 milhão em abril. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.