ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Aug/2025

Boi: Marfrig divulga resultado do 2º trimestre 2025

A Marfrig Global Foods encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 85,2 milhões, avanço de 13% frente aos R$ 75,4 milhões registrados em igual período de 2024. O Ebitda ajustado somou R$ 3,012 bilhões, queda de 10,8% ante o segundo trimestre do ano passado, quando totalizou R$ 3,378 bilhões. A margem Ebitda ajustada ficou em 8%, 1,7% abaixo de um ano antes. A receita líquida subiu 8,6%, de R$ 34,771 bilhões para R$ 37,776 bilhões no comparativo anual. De acordo com a empresa, a dívida líquida fechou o segundo trimestre em R$ 37,606 bilhões, recuo de 6,7% ante igual período de 2024. A alavancagem em reais, medida pela relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, passou de 3,38 vezes ao fim de junho do ano passado para 2,71 vezes no término do segundo trimestre de 2025. O fluxo de caixa operacional somou R$ 3,046 bilhões.

Os investimentos consolidados no período alcançaram R$ 1,413 bilhão. A BRF representou 40% da receita líquida total da Marfrig no trimestre, enquanto a operação da América do Norte atendeu por 49% e a da América do Sul, por 11%. A operação América do Norte registrou receita líquida de US$ 3,263 bilhões, alta de 5,3% em relação a igual período de 2024. O Ebitda ajustado foi de US$ 25 milhões, recuo de 71,9%, com margem de 0,8% frente a 2,9% um ano antes. O volume total comercializado pela unidade foi de 468 mil toneladas, queda de 5,6%. Do total, 411 mil toneladas foram destinadas ao mercado interno e 56 mil toneladas ao mercado externo. "Apesar do cenário adverso de baixa disponibilidade animal e aumento de custo de matéria-prima que afetou o setor como todo, a National Beef se manteve resiliente focada na excelência operacional", disse o CEO da Operação América do Norte, Tim Klein.

Na América do Sul, a receita líquida aumentou 9,9%, para R$ 4,028 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado subiu 31,4%, para R$ 439 milhões. A margem Ebitda foi de 10,9%, contra 9,1% no segundo trimestre de 2024. O volume de vendas atingiu 205 mil toneladas, avanço de 7,8% na comparação anual, com 70 mil toneladas exportadas e 135 mil destinadas ao mercado interno. "O desempenho da companhia foi impulsionado por decisões estratégicas que incluem a concentração da produção em complexos industriais voltados para produtos com marca e maior valor agregado, com apoio dos confinamentos que garantiram os altos níveis de ocupação", afirmou o CEO da Operação da América do Sul da Marfrig, Rui Mendonça.

A BRF registrou receita líquida de R$ 15,266 bilhões no trimestre, alta de 2,5% sobre um ano antes. O Ebitda ajustado somou R$ 2,5 bilhões, queda de 4,6%, e a margem ficou em 16,4%. O lucro bruto foi de R$ 4,092 bilhões, 4,1% acima do registrado no segundo trimestre de 2024. A Marfrig afirmou que as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre as importações de produtos brasileiros têm impacto limitado sobre o faturamento da companhia. "As vendas do Brasil para os Estados Unidos, que foram efetivamente atingidas pelas tarifas, representam somente 2,1% da receita da América do Sul consolidada. Então, é um volume pequeno", disse o CEO da Operação América do Sul, Rui Mendonça. A companhia destacou que já realizou ajustes para redirecionar a produção para outros mercados ou utilizá-la na fabricação de produtos processados.

"No dia a dia, tomamos decisões para obter o melhor resultado, seja redirecionando para outros mercados ou utilizando na produção de produtos processados", explicou Mendonça. O executivo ainda ressaltou que a empresa conquistou este ano 24 novas habilitações em complexos industriais, ampliando a flexibilidade para realocação da produção. Ele acrescentou que os Estados Unidos compram basicamente matéria-prima para a indústria, "que é a mesma matéria-prima que utilizamos, por exemplo, na produção de hambúrguer". A Marfrig registrou um aumento de 26% na utilização de gado proveniente de confinamentos próprios no segundo trimestre de 2025 no Brasil, na comparação anual, segundo o CEO da Operação América do Sul, Rui Mendonça.

Ele afirmou que a meta da companhia é manter 25% do volume de gado abatido oriundo dessa modalidade. "Temos mantido ocupações acima de 90% das nossas plantas de abate, uma meta sempre difícil sem o apoio dos confinamentos", disse Mendonça. Segundo ele, o modelo tem permitido também o avanço na venda de produtos de maior valor agregado, graças à qualidade do gado. O executivo destacou ainda o impacto na habilitação para exportação. "Ao passar pelo confinamento, o gado se torna apto para exportar para a Europa. Neste trimestre, abatemos 66% mais gado habilitado para a Europa, que é o melhor destino para cortes de traseiro, em relação ao mesmo trimestre do ano passado", afirmou.

A MBRF, resultado da fusão entre Marfrig e BRF, "nasce eficiente, com uma estrutura de capital forte, mesmo após o pagamento de dividendos aos acionistas BRF e Marfrig”, afirmou o controlador das duas empresas, Marcos Molina. Sobre a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o executivo se mostrou confiante. “Vemos o processo com serenidade. A votação virtual indicou 4 a 1, votos técnicos, e aguardamos a reunião final em 20 de agosto, confiantes de que a aprovação será concedida.” A MBRF será, segundo Molina, “uma empresa competitiva, multi-proteína, que permitirá ao consumidor brasileiro acesso a produtos de alta qualidade a custo mais baixo, beneficiando-se da eficiência operacional.”

O controlador também abordou o impacto para acionistas. “Fizemos simulações considerando o segundo trimestre de 2025. Um acionista da BRF receberia R$ 0,46 por ação; com a fusão e sinergias, esse valor subiria para R$ 0,54, aumentando a liquidez e a conversão de EBITDA em caixa.” Ele afirmou que a MBRF manterá a política de distribuição de dividendos, “assim como a Marfrig nos últimos anos.” Molina também destacou ainda que a intenção é “manter a MBRF com nível de alavancagem abaixo de 3 vezes”. Molina destacou, ainda, o aumento da participação do grupo controlador na BRF, “principalmente através da MMS, que comprou ações devido ao preço atrativo e à confiança na equipe da nova MBRF”. Ele reforçou: “Continuo investidor da Marfrig e agora também da MBRF.”

Molina reforçou a visão global da nova companhia: “A nova MBRF é supercompetitiva, eficiente e com oportunidades de crescimento no Brasil, América do Sul, Estados Unidos e Oriente Médio", disse. Marcos Molina, afirmou que o valor projetado de R$ 800 milhões em sinergias da fusão entre as duas companhias pode ser considerado conservador. "O valor projetado de R$ 800 milhões de sinergia entre BRF e Marfrig é conservador", disse, destacando que as oportunidades já estão bem mapeadas e podem ser capturadas rapidamente com a criação da MBRF Global Foods.

O executivo também indicou que a internacionalização da MBRF é uma prioridade estratégica futura. "A listagem da MBRF nos EUA está no radar e é um passo natural", afirmou, ressaltando que a operação pode valorizar a companhia, melhorar múltiplos e reduzir o custo de capital. Segundo Molina, os próximos meses serão focados na execução das sinergias internas, enquanto a companhia se prepara para movimentos maiores no futuro. Ele lembrou ainda que, considerando uma National Beef com ciclo normalizado, o lucro por ação da MBRF poderia ser praticamente o dobro do que a BRF apresenta atualmente. Fonte: Broadcast Agro.