18/Aug/2025
A BRF reportou lucro líquido de R$ 735 milhões no segundo trimestre de 2025, queda de 32,8% ante igual período de 2024. A receita líquida da companhia foi de R$ 15,365 bilhões, aumento de 2,9% na comparação anual. A empresa apresentou Ebitda ajustado de R$ 2,502 bilhões, queda de 4,5%, com margem de 16,3%, recuo de 1,6%. A companhia atingiu a menor alavancagem e sua história, de 0,43 vez. Há um ano, era de 1,14 vez. Já a sua dívida líquida recuou 47%, para R$ 4,735 bilhões. A companhia também informou fluxo de caixa livre de R$ 842 milhões. "O endividamento regrediu para R$ 4,7 bilhões, a alavancagem fechou o semestre em 0,43x, menor nível histórico, e a geração de caixa livre segue suportando nossos planos de crescimento global de forma sustentável", disse o vice-presidente de Finanças e RI da BRF, Fábio Mariano. A BRF relatou que a margem Ebitda no Brasil foi de 16,4%. A companhia apresentou crescimento de volume da 6%, com ganhos especialmente no segmento de processados.
Fora do Brasil, a margem Ebitda da companhia foi de 17,3%, com Ebitda ajustado de R$ 1,168 bilhão. No período, a empresa obteve 11 novas habilitações para exportação, com destaques para Argentina e Canadá, totalizando 198 desde 2022. A companhia comercializou 1,228 milhão de toneladas de produtos de abril a junho deste ano, queda de 1,3% em comparação com o volume de 1,244 milhão de toneladas de produtos de um ano antes. No segmento Brasil, a receita operacional líquida foi de R$ 8,080 bilhões, alta de 17,6% em comparação com igual intervalo do ano passado. O preço médio dos produtos avançou 11,1%, para R$ 13,11 por Kg. Já no segmento internacional, a receita líquida foi de R$ 6,741 bilhões, queda de 4,7% na comparação anual. Por lá, o preço médio por produto avançou 6,3%, para R$ 13,51. Segundo a empresa, o BRF+, programa de eficiência operacional, continuou a impulsionar os resultados do trimestre com ações voltadas para a otimização de processos industriais e gestão de custos com captura de R$ 208 milhões.
O CEO da BRF, Miguel Gularte, citou as suspensões de exportações de carne de frango pelo Brasil e a variação cambial como causas da queda no lucro líquido e no Ebitda da companhia no segundo trimestre de 2025. De acordo com o resultado financeiro, os recuos foram de 32,8% e 4,5%, respectivamente, na comparação anual. Gularte lembrou que metade do trimestre foi afetada por suspensões relevantes para a exportação brasileira, com bloqueios em mercados-chave como China, Europa e Chile, em função do caso de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul. "Desde o primeiro caso, metade do período foi afetada, onde perdemos o mercado primário para cortes relevantes de frango. Isso trouxe implicações de volume e, por consequência, também um efeito nas margens operacionais", explicou. Além disso, o executivo destacou o impacto da valorização do real sobre as despesas financeiras, que reduziu o potencial de lucro líquido. "Do lado das despesas financeiras, também o real se apreciou, gerando um efeito de variação cambial que reduziu um pouco o potencial de lucro líquido na última linha", disse.
A BRF afirma ter conseguido reduzir os impactos da gripe aviária em suas exportações no segundo trimestre, ainda que o resultado do segmento internacional tenha sido inferior ante igual período do ano passado. "A receita do segmento internacional da BRF decresceu 5% no trimestre versus o ano anterior", afirmou o CFO, Fábio Mariano. O resultado reflete principalmente a redução de volume, que caiu 10% no geral do segmento internacional. Embora os dados do governo mostrem uma perda de cerca de 15% no volume de exportações do Brasil no segundo trimestre, o volume exportado pela BRF caiu apenas 5%. O executivo atribuiu essa diferença a ações mitigatórias adotadas pela empresa, como o direcionamento antecipado de volumes para hubs no Oriente Médio, a substituição de mercados primários por mercados alternativos com preços equivalentes ou ligeiramente inferiores, e a retenção temporária de estoques até a reabertura de determinados mercados.
"Essa estratégia se mostrou eficaz, porque alguns mercados reabriram rapidamente após suspensões", afirmou. Em relação ao mix de produtos afetado pela suspensão de exportações para a China, o vice-presidente de mercado internacional, Leonardo Dall'Orto explicou que não foram necessários ajustes no alojamento. "Parte do mix realmente destinado à China, alguns itens com menor valor agregado, foram direcionados para nossas graxarias, para transformação em farinha. Alguns itens acabamos não produzindo por não ter destino de alocação, mas é um mix pequeno e um volume pequeno perto de todo o volume que produzimos", disse. O CEO da BRF, Miguel Gularte, complementou a estratégia de redirecionamento, citando especificamente os pés de frango, que iriam para a China. "Eles foram direcionados para outros mercados, como Hong Kong, países da África e outras regiões. Há uma ponta de asas com volume pequeno na companhia que realmente não teve destino, mas os pés foram enviados para Hong Kong", comentou.
O CFO da BRF, Fabio Mariano, afirmou que a retração nos preços dos grãos, especialmente do milho, deve causar impacto positivo nos custos da companhia ainda em 2025. “Nossa estratégia foi manter uma posição menos alongada justamente para, na ocasião da safrinha, intensificar as originações de milho - e isso aconteceu dentro do planejado”, disse, em teleconferência para apresentação dos resultados do segundo trimestre. Segundo ele, a compra ocorreu na transição do segundo para o terceiro trimestre, e o reflexo nos resultados virá nos próximos meses. “Estimamos uma retração de aproximadamente 2% no custo da ração no segundo semestre”, afirmou. Mariano também destacou que a empresa estendeu os contratos de farelo de soja, visando benefícios de custo além de 2025. “Tomamos decisões de alongar os pedidos não apenas para a segunda metade deste ano, mas também já pensando no primeiro trimestre de 2026. Entendemos que poderemos levar certo benefício no custo de consumo também para o início do próximo ano”, completou.
A BRF projeta manter a resiliência dos preços no segundo semestre, apoiada na expectativa de reabertura de mercados internacionais e no consumo aquecido no Brasil. “Vivemos um período de pleno emprego e, sim, o consumo está muito forte, os números demonstram isso. Consequentemente, a possibilidade de que os preços sejam resilientes é concreta”, afirmou o CEO Miguel Gularte. Segundo o executivo, os primeiros 45 dias do segundo trimestre foram marcados por preços em ascensão “em todos os mercados, inclusive no mercado doméstico”. A detecção de um foco de gripe aviária no País, em maio, provocou o fechamento de alguns mercados, mas a queda de preços no comércio internacional foi limitada. “A possibilidade de termos todos os destinos rapidamente restabelecidos, somada às 198 novas habilitações obtidas nos últimos dois anos, também mitigou o efeito sobre os preços”, disse Gularte. O CEO destacou que a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reabilitou o Brasil como país livre de gripe aviária em junho.
A empresa espera a reabertura de destinos como China e União Europeia. “Isso ocorrendo, teremos a possibilidade de retomar esses destinos e fazer uma defesa interessante de preços para o segundo semestre”, afirmou. No mercado interno, o CFO Fabio Mariano ressaltou que os preços no Brasil subiram 11% na comparação anual, enquanto no portfólio de processados o aumento foi de 8% e, no trimestre, de quase 3%. “O mercado acomodou muito bem essas rodadas de preços - tanto do lado do consumo quanto nos canais de venda. O ambiente competitivo também propiciou essa realocação”, disse. A BRF trabalha com a perspectiva de normalização dos níveis de estoque quando os mercados da China e da União Europeia forem reabertos à carne de frango do País. Esses mercados foram fechados em maio, com a ocorrência de um caso de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul.
"À medida que os mercados reabram, hoje a grande maioria já está aberta, mas ainda faltam o mercado europeu e o chinês, a tendência é voltar aos níveis de estoque praticamente zero, ou seja, sem estoque sem venda na companhia", disse o CEO da BRF, Miguel Gularte. O executivo reforçou que a redução do estoque será feita de forma a não destruir valor, aproveitando as habilitações e capacidades que a empresa possui. "Inclusive, pela sazonalidade, há grande possibilidade de retomar, a nível internacional, a dinâmica de preços que vinha em correção", disse. O CFO da BRF, Fabio Mariano, complementou que parte do aumento do estoque registrado no trimestre também se deve a estoques comemorativos e às restrições de exportação. "Os estoques estão elevados principalmente por conta de restrições importantes de exportação. O ponto é aproveitar as melhores oportunidades, e isso depende das condições de mercado e da velocidade de abertura dos mercados originais, como China e Europa", afirmou.
A BRF projeta um cenário estável para o mercado global de frango e suíno, sustentado por um equilíbrio entre oferta e demanda e pelo avanço de produtos de maior valor agregado. “Vemos um perfeito equilíbrio entre oferta e demanda. Nesse contexto, dificilmente há alteração que mude os fundamentos do negócio”, afirmou o CEO, Miguel Gularte. O executivo destacou que a demanda tende a seguir superando a oferta, ainda que de forma equilibrada, e que mesmo episódios como a gripe aviária reforçam a posição estratégica do Brasil. “O tratamento de reabertura mais rápido de mercados que se fecham demonstra essa importância, algo que talvez não ocorresse no passado se o Brasil tivesse menos relevância como fornecedor", disse. O CFO, Fabio Mariano, afirmou que, no caso de aves, não há perspectiva de desequilíbrio de oferta no curto prazo.
"Apesar de uma alta de aproximadamente 3% no alojamento no semestre, não prevemos crescimento de produção que supere 1,5% no Brasil. Nos Estados Unidos, o avanço também não deve ultrapassar 2%, e na Europa, talvez nem chegue a 1%. A única exceção pode ser a China, com crescimento maior, mas lembrando que 2024 foi um ano de retração por lá”, disse. Quanto ao segmento de suínos, Mariano destacou que o cenário é semelhante, com expectativa de crescimento global em torno de 2%, insuficiente para gerar desequilíbrio de oferta ou pressionar preços. Sobre margens, o CFO ponderou que a indústria é cíclica, mas que a empresa está preparada para diferentes cenários. “Não conseguimos garantir o nível atual, mas podemos garantir que a BRF hoje é muito mais forte, resiliente e competitiva para navegar tanto cenários favoráveis quanto desafiadores. Isso, sim, afirmamos com bastante tranquilidade.” Fonte: Broadcast Agro.