15/Aug/2025
Segundo o Itaú BBA, o mercado de boi gordo vem registrando sinais de recuperação desde o início de agosto. Os preços estão em alta e o cenário é favorável para o confinamento, em função dos custos reduzidos. Desde o início de agosto, observa-se um movimento de recuperação dos preços do boi gordo no mercado físico, embora ainda um pouco distante das cotações indicadas nos contratos futuros com vencimento no final do ano na B3. Os contratos de novembro e dezembro negociam próximo dos R$ 335,00 por arroba, contra R$ 305,00 por arroba no mercado físico de São Paulo. A reação de preços se estende às carcaças bovinas e demais cortes de carne, mantendo o spread da carcaça casada em patamar positivo, em cerca de 6%. No campo das exportações, julho fechou com o maior volume embarcado de carne bovina da história, impulsionado pelo forte apetite da China.
Os embarques de carne bovina in natura totalizaram 276,9 mil toneladas, 17% acima de julho de 2024, enquanto o acumulado dos sete primeiros meses do ano cresceu 13,7% sobre igual período do ano passado. Além do bom volume, o preço médio de exportação subiu 1,9% frente ao de junho, pelo quarto mês consecutivo, já acima de US$ 5,5 mil por tonelada, o maior em 33 meses. O cenário de oferta de gado mostra sinais de desaceleração no volume de bovinos terminados, mas ainda em níveis expressivos. No estado de Mato Grosso, maior produtor, os abates de machos caíram 7% até julho, enquanto o total de fêmeas abatidas cresceu 4%. Embora o estímulo à retenção de vacas esteja presente, dado a reação do preço do bezerro relativamente ao ano passado, neste momento se vê um forte estímulo aos confinamentos, sobretudo em Mato Grosso. Entre os fatores que favorecem os confinamentos, o baixo deságio do boi gordo em relação a São Paulo, atualmente em torno de 3%, e o milho desvalorizado, que reduz os custos de engorda intensiva.
Cálculos indicam que a margem projetada do confinador em Mato Grosso alcança os R$ 1.000,00 por cabeça, o que é um resultado bem interessante. Em São Paulo, a dinâmica é semelhante, com preços do boi gordo mais elevados. Apesar da possibilidade de alta adicional, é preciso manter cautela. É prudente defender essas boas margens através do hedge dos bovinos confinados, evitando o risco de alguma surpresa negativa. Ressalta-se a dependência das exportações para a China, que responde por metade dos embarques brasileiros. Entre os riscos, a investigação de salvaguarda iniciada em dezembro de 2024, ainda em andamento, e a possibilidade de moderação nas compras chinesas. De toda forma, apesar do provável crescimento da oferta de gado para abate vindo dos confinamentos, é possível que haja uma boa demanda para suportar essa oferta, sobretudo do lado das exportações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.