11/Aug/2025

O Programa Nacional de Rastreabilidade de Bovinos, lançado em dezembro, é um avanço técnico importante para o setor pecuário brasileiro, mas enfrenta obstáculos significativos para sua implementação plena, segundo a Marfrig. Há desafios que ainda precisam ser superados para que o sistema se torne efetivo e obrigatório. Tecnicamente, o programa está bem desenhado. O grande desafio vai ser como regulamentar e viabilizar a implementação, com uma política que pode até começar de forma voluntária, mas necessariamente terá que ser obrigatória no futuro. O desenho do programa está “ótimo”, mas a coordenação e articulação necessárias ainda estão em fase de discussão.

A implementação envolve abrir “todas as mesas de diálogo necessárias”, desde a viabilização do ponto de vista regulatório e legislativo até como isso chega no produto final, com financiamento. Para isso, é preciso definir de onde virão os recursos e como serão aplicados, especialmente porque boa parte começa com pequenos produtores, que não têm capital para investir. Há discussões em andamento dentro do governo para incorporar o programa dentro das políticas públicas de financiamento já existentes, adaptando instrumentos já disponíveis em vez de criar mecanismos novos. Assim, será possível avançar mais rapidamente por um caminho que já é conhecido. Apesar do papel fundamental do setor privado, a política pública é mandatória. Exemplos internacionais, como Uruguai e Austrália, indicam que a implantação de sistemas nacionais de rastreabilidade sustentável só ocorreu onde houve uma atuação governamental obrigatória, mesmo em países com rebanhos muito menores e menor complexidade que o Brasil.

A Marfrig buscou desmistificar o argumento de que a rastreabilidade individual é inviável por custos excessivos, afirmando que definitivamente, é de “vontade política” o entrave maior. Há um custo unitário por bovino, mas, considerando o tamanho do rebanho brasileiro, esse custo se dilui e fica marginal, podendo ser distribuído ao longo da cadeia. A indústria e o setor conseguem resolver as questões econômicas, desde que haja política pública e vontade política para fazer acontecer. A tecnologia para isso está disponível há bastante tempo e a integração dos dados trará “transparência” fundamental para o sucesso do programa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.