08/Aug/2025
A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 458,3 milhões no segundo trimestre de 2025, alta de 380,2% em relação aos R$ 95,4 milhões contabilizados em igual período de 2024. Também houve avanço de 22,6% ante os R$ 185 milhões do primeiro trimestre. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 1,302 bilhão no trimestre encerrado em junho, 74,9% acima dos R$ 744,6 milhões apurados no segundo trimestre do ano passado e 35,3% mais do que no trimestre anterior. A margem Ebitda ficou em 9,4%, ante 9,7% no segundo trimestre de 2024 e 8,6% no primeiro trimestre deste ano. A receita líquida no período de abril a junho somou R$ 13,918 bilhões, alta de 81,6% em comparação ao período correspondente de 2024 (R$ 7,666 bilhões) e 24,3% mais do que no primeiro trimestre. A receita bruta da companhia somou R$ 14,711 bilhões no segundo trimestre, alta de 80,2% na comparação anual e de 23,3% ante o primeiro trimestre de 2025.
A receita bruta com o mercado externo atingiu R$ 8,832 bilhões, avanço de 76,3% ante igual intervalo de 2024, sendo 33,1% superior ao primeiro trimestre de 2025. No mercado interno, a receita bruta alcançou R$ 5,879 bilhões, 86,5% maior do que há um ano e 11% mais do que no primeiro trimestre. No balanço, o CEO da Minerva, Fernando Queiroz, destacou que quase 60% da receita bruta veio do mercado externo no trimestre. "O ciclo pecuário negativo nos Estados Unidos continua limitando a oferta doméstica, o que abre espaço para exportadores sul-americanos ampliarem sua participação no mercado norte-americano. Na Ásia, a retomada da demanda chinesa, impulsionada por níveis baixos de estoques, continua sustentando os volumes e os preços no mercado de proteína bovina", disse. A Minerva contabilizou 507,1 mil toneladas de carne vendidas no segundo trimestre, 39,8% mais do que no igual período do ano passado e 22,3% superior ao primeiro trimestre. O abate total, de 1,491 milhão de animais, cresceu 35,6% na comparação anual e 4,3% ante o primeiro trimestre.
A dívida líquida da Minerva terminou o segundo trimestre em R$ 14,165 bilhões, tendo avançado 48% na comparação anual, mas caído 9,1% ante o primeiro trimestre de 2025. O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 3,16 vezes. Era de 3,0 vezes um ano antes e de 3,7 vezes ao fim do primeiro trimestre. “Encerramos o 2º trimestre com uma posição de caixa robusta de R$ 12,5 bilhões, que, diante da volatilidade no cenário geopolítico global, nos traz conforto e agilidade ante os desafios de mercado”, disse o CEO. A Minerva reportou um aumento de 76% na receita bruta no mercado externo no segundo trimestre de 2025, para R$ 8,8 bilhões, resultado que, segundo o CFO Edison Ticle, foi sustentado tanto por elevação de preços quanto por crescimento de volumes vendidos. "Os volumes cresceram cerca d 40%. Então, uma parte, metade desse crescimento de receita, por óbvio, veio de volume e a outra metade veio de preço", explicou Ticle em entrevista coletiva sobre os resultados. O executivo destacou que a alta dos preços se deu em mercados-chave para a empresa, com destaque para a China e os Estados Unidos.
"Tivemos uma recuperação importante na China, cruzamos a linha de US$ 5 mil ao longo deste trimestre. E os Estados Unidos também tiveram um aumento de preço importante”, disse. Além dos preços, o avanço nos volumes foi impulsionado pela integração acelerada dos ativos adquiridos da Marfrig, explicou Ticle. Considerando os mercados interno e externo, a receita bruta do segundo trimestre de 2024 foi de R$ 8 bilhões, enquanto em igual período deste ano alcançou R$ 14,7 bilhões. Já o volume vendido saltou de 362 mil toneladas para 507 mil toneladas. A Minerva adotou uma estratégia preventiva para minimizar os impactos das novas tarifas americanas sobre a carne brasileira, fortalecendo seus estoques nos Estados Unidos. Segundo o CFO, Edison Ticle, no segundo trimestre houve um aumento tático dos estoques da companhia em cerca de R$ 900 milhões, majoritariamente nos Estados Unidos. "Temos um estoque adicional, digamos, acima do normal lá, o que nos proporcionará a oportunidade de aproveitar os preços mais altos usando mercadorias que já entraram no país e foram nacionalizadas com a tarifa antiga", explicou.
O executivo reforçou que esse volume já está em território norte-americano e, portanto, não será afetado pelas novas tarifas. Sobre os estoques acumulados, Ticle comentou que eles devem ser consumidos ao longo dos dois últimos trimestres de 2025. "Não consigo precisar para você se vai ficar só no terceiro trimestre, mas, olhando a posição de estoque que construímos, acreditamos que essa realização vai ocorrer nos próximos dois trimestres", afirmou. Além disso, a diversificação da plataforma da Minerva possibilita realocar volumes antes direcionados ao mercado norte-americano para mercados como Europa, China, Chile e Oriente Médio. Já as unidades do Paraguai, Argentina e Uruguai podem atender mais os Estados Unidos. "A princípio, não estamos vendo impacto na receita nem na rentabilidade da Minerva", disse o CFO. A Minerva espera alcançar 75% de utilização da capacidade das plantas adquiridas da Marfrig já no terceiro trimestre, em um processo de aceleração que, segundo o CFO da companhia, Edison Ticle, tem superado as expectativas.
“No primeiro trimestre ele estava em linha com o planejamento, no segundo trimestre ele superou o que a gente tinha planejado”, afirmou o executivo. De acordo com Ticle, a maior parte das unidades já opera entre 65% e 67% da capacidade. “Esperamos chegar a 75% já no terceiro tri”, reforçou. Mais do que volume e receita, o CFO destacou o impacto da integração nas despesas da companhia. “Quando a gente fez a aquisição, eu disse que traria só unidade operacional, só com custo variável. Eu não traria custo fixo. E que isso teria uma função adicional de redução nas despesas gerais, administrativas e nas despesas de vendas”, afirmou. De acordo com ele, essa estratégia já mostra efeito concreto. “Antes de eu começar a operar as plantas da Marfrig, esse número girava em torno de 13,5% a 14,5% da receita líquida, algo perto de 14%. Depois que eu comecei o ramp-up das plantas, esse número vem caindo, e atingiu 10,1% da receita líquida”, comentou.
O conselho de administração da Minerva aprovou uma proposta de redução de capital social no valor de R$ 577,3 milhões. A medida será submetida à deliberação dos acionistas em assembleia geral extraordinária. Por meio de fato relevante, a empresa explica que a operação tem como finalidade a absorção de prejuízos acumulados nas demonstrações financeiras do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2024. A redução será realizada sem o cancelamento de ações. Assim, o capital continuará dividido em 994.489.382 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal. Se aprovada, a operação reduzirá o capital social da companhia dos atuais R$ 3,68 bilhões para R$ 3,10 bilhões. A Minerva destaca ainda que, caso a proposta seja aprovada, a operação terá efeitos imediatos e não implicará qualquer restituição de valores aos acionistas, tampouco será necessário aguardar o prazo de oposição de credores.
O CEO da Minerva Foods, Fernando Queiroz, afirmou que o alinhamento político de países da América do Sul, como Argentina e Paraguai, com os Estados Unidos pode ser determinante para condições comerciais mais favoráveis, especialmente no que diz respeito às tarifas de exportação de carne bovina. A companhia tem operação em ambos os países. “Países que ideologicamente são mais alinhados com os Estados Unidos tendem a ter tarifas mais amenas, menores e, às vezes, até benefícios adicionais”, disse Queiroz. Em sua visão, Argentina e Paraguai têm adotado uma postura mais próxima com Washington, o que pode colocá-los em vantagem nas negociações comerciais em curso. “O que vão ser as tarifas, ninguém sabe ainda, porque isso está na mesa de negociação. Mas parece que o Brasil vai ter alguma restrição”, afirmou.
Apesar da incerteza sobre os desdobramentos da guerra tarifária, o executivo ressaltou que a Minerva está atenta e atuando estrategicamente. “O cenário que enxergamos é que os países com maior alinhamento ideológico com os Estados Unidos devem ganhar alguma vantagem”, disse. Queiroz também comentou que a definição dos destinos das exportações da companhia dependerá de fatores como o preço da matéria-prima em cada país e os acordos comerciais em vigor. “Esse vai ser o ponto principal. É uma análise que fazemos, no mínimo, uma vez por semana”, concluiu. Conforme análise do Bradesco BBI, a Minerva registrou resultados operacionais sólidos no segundo trimestre de 2025, superando as projeções de mercado em 10% no Ebitda. Apesar do avanço, o relatório destaca um consumo elevado de capital de giro, que elevou a dívida líquida da companhia acima do esperado.
Os números mostram receita líquida recorde de R$ 13,9 bilhões, 24% superior à do trimestre anterior, e volumes embarcados que cresceram 22%, totalizando 507 mil toneladas. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pela entrada em operação das novas plantas da empresa, que contribuíram com R$ 3 bilhões em receitas e 118 mil toneladas, representando cerca de 20% do total consolidado. A margem bruta ficou em 17,6%, abaixo das expectativas, mas a redução das despesas administrativas e comerciais ajudou a compensar, resultando em Ebitda recorde de R$ 1,3 bilhão, com margem de 9,4%. O lucro líquido ajustado foi de R$ 364 milhões, também acima das projeções, apoiado por menores despesas financeiras e uma carga tributária efetiva reduzida.
Um destaque do trimestre foi o crescimento das receitas de outras operações da Minerva, como exportação de gado vivo, trading de proteínas e energia, que somaram R$ 1,2 bilhão, alta de 94% em relação ao trimestre anterior, representando mais da metade do excesso de receita em relação à estimativa do Bradesco BBI. No entanto, o principal ponto de atenção ficou com o consumo de capital de giro, que atingiu R$ 902 milhões no período. Os maiores impactos vieram do aumento nas contas a receber e nos estoques, enquanto o aumento das contas a pagar e adiantamentos de clientes ajudou a mitigar parcialmente o efeito. Com isso, a dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 14,2 bilhões, mesmo após o aumento de capital de R$ 2 bilhões realizado no período. O Bradesco BBI destaca que a continuidade da aceleração das novas plantas e o ambiente favorável para exportações de carne bovina na América Latina, especialmente a demanda chinesa, reforçam o otimismo para o segundo semestre. Fonte: Broadcast Agro.