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07/Aug/2025

Carnes: MBRF será gigante do setor de alimentos

A aprovação formal dos acionistas à incorporação da BRF pela Marfrig marca um novo capítulo na indústria brasileira de alimentos e consolida um processo iniciado em 2021, quando a Marfrig começou a aumentar sua participação na BRF. Quatro anos depois, em maio, a companhia anunciou a intenção de incorporar a totalidade das ações da BRF, operação que ainda precisa superar uma última barreira: obter o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A proposta foi aprovada na terça-feira (05/08) tanto pelos acionistas da BRF em Assembleia Geral Extraordinária, bem como pelos da Marfrig, confirmando o avanço da operação por parte das duas companhias. Com a aprovação em assembleia, inicia-se o prazo de 30 dias para o exercício do direito de recesso por parte dos acionistas dissidentes, contado a partir da publicação da ata da reunião.

Encerrada essa parte, surge a MBRF Global Foods Company, restando apenas a resolução da pendência concorrencial no Cade. A nova companhia será uma das maiores do setor de alimentos do mundo, com presença em 117 países, faturamento anual de R$ 152 bilhões e um portfólio de mais de 37 marcas líderes no segmento de proteínas e processados, como Sadia, Perdigão e Bassi. A MBRF terá ainda mais de 130 mil colaboradores e capacidade produtiva de cerca de 8 milhões de toneladas por ano. A operação foi estruturada como a incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig, que já detinha mais de 50% do capital da companhia. Com isso, a BRF se torna uma subsidiária integral da Marfrig, que seguirá listada no Novo Mercado da B3. A nova razão social, MBRF Global Foods Company, busca refletir a integração e o escopo internacional do grupo.

O processo acionário, no entanto, foi marcado por embates societários e contestação de alguns minoritários. A proposta previa uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF, acompanhada de proventos extraordinários que somam até R$ 6 bilhões, R$ 3,5 bilhões pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig. A estrutura foi criticada por acionistas como a Previ, que consideraram os termos desfavoráveis e zeraram sua posição na BRF após mais de três décadas de investimento. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou o adiamento das assembleias duas vezes, exigindo maior transparência nos dados que embasaram a relação de troca. A operação também foi alvo de questionamentos judiciais e recursos administrativos no Cade, principalmente por parte da Minerva, que apontou riscos concorrenciais relacionados à participação da Salic (fundo soberano da Arábia Saudita) nas companhias.

Embora a Superintendência Geral do Cade tenha aprovado a fusão sem restrições, o tribunal do órgão ainda precisa avaliar o recurso da Minerva. O tribunal solicitou que a Salic se manifeste sobre sua posição acionária nas três empresas. Além disso, o presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, determinou a reclassificação da análise da operação de rito sumário para rito ordinário, justificando complexidade do caso e potenciais riscos à concorrência no mercado de carne bovina in natura. A decisão ainda precisa ser homologada pelo plenário. A aprovação do Cade interessa às companhias, que estimam que a MBRF possa alcançar sinergias imediatamente. “Mapeamos sinergias em quatro frentes: comercial, logística, suprimentos e estrutura corporativa”, afirmou o CEO da BRF, Miguel Gularte, em maio, quando a operação foi anunciada.

Na ocasião, o controlador Marcos Molina, avaliou que o momento era “oportuno para capturar ganhos que não estariam acessíveis com as empresas operando separadamente”. As estimativas incluem ganhos de R$ 485 milhões por ano com aumento de receitas e redução de custos, R$ 320 milhões anuais em economia operacional e até R$ 3 bilhões em ganhos fiscais a valor presente líquido. Além dos ganhos operacionais e fiscais, a MBRF pretende buscar a listagem direta na Bolsa de Nova York (Nyse), substituindo o atual modelo de ADRs da BRF. A estratégia visa ampliar o acesso a capital global, aumentar a liquidez das ações e alcançar múltiplos mais altos no mercado americano. A estrutura executiva da nova companhia ainda será detalhada, mas o foco declarado é em produtos de maior valor agregado e expansão internacional, especialmente na América do Norte. Fonte: Broadcast Agro.