04/Aug/2025
Segundo o professor David L. Ortega, titular da Cátedra Noel W. Stuckman em Economia e Política Alimentar da Universidade Estadual de Michigan, o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos à carne bovina brasileira, entre outros produtos de exportação, terá um impacto significativo no mercado norte-americano. Isso porque o mercado de carne bovina estadunidense está altamente dependente das importações de aparas magras (tipo de corte essencial para a produção de hambúrgueres), além de carne moída. Da parte dianteira do boi, este é o principal tipo de carne exportado pelo Brasil aos Estados Unidos. Com a tarifa tornando a carne bovina brasileira menos competitiva em termos de preço, os importadores dos Estados Unidos serão obrigados a enfrentar custos mais elevados ou a buscar alternativas mais caras em outros mercados, como a Austrália. Atualmente, os Estados Unidos adquirem 12% das exportações totais de carne bovina do Brasil.
Segundo a StoneX, as exportações de carne brasileira para os Estados Unidos cresceram 33% no primeiro semestre de 2025, em comparação com igual período de 2024. Atualmente, os embarques que excedem a cota anual de 65 mil toneladas (isenta de tarifas) e já enfrentam uma taxação de 26,4%. Com a tarifa adicional de 50% proposta, o percentual pode chegar a 76,4% a partir de agosto, o que comprometeria a competitividade do produto brasileiro. Se essa tarifa entrar em vigor, poderá mudar a dinâmica de comércio. Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a venda da carne bovina para os Estados Unidos ficaria inviabilizada. Caso este cenário realmente se efetive, haverá um aumento nos preços dos principais produtos de carne bovina, especialmente a carne moída, cujos valores já são altos devido aos baixos estoques domésticos de gado e à atual forte demanda dos consumidores. O aumento dos custos pode ser inevitável.
Enquanto as tarifas podem oferecer um alívio temporário aos produtores de carne bovina estadunidenses, os pecuaristas norte-americanos enfrentam seus próprios desafios, como altos custos de ração e dificuldades de produção decorrentes das condições climáticas, o que limita a capacidade de aumentar a oferta rapidamente. Ortega também mencionou a dificuldade que outros países enfrentam para compensar a ausência das importações brasileiras de carne bovina no curto prazo, devido a suas próprias barreiras tarifárias. A perda das importações brasileiras pode criar uma pressão ainda maior no mercado interno norte-americano. Em meio a esse cenário, ele destacou a crescente imprevisibilidade da política comercial dos Estados Unidos, que complica projeções sobre os efeitos dessas medidas nos fluxos de comércio global de carne bovina e nos preços domésticos. O cenário é de incerteza, e os participantes do mercado devem se preparar para uma dinâmica volátil no futuro próximo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.