ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

30/Jul/2025

Boi: setor sofrerá forte impacto das tarifas dos EUA

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a possível imposição de tarifa adicional de 50% sobre a carne bovina brasileira pelos Estados Unidos pode gerar um impacto de quase US$ 1 bilhão nas exportações do setor em 2025. O risco é real e imediato, uma vez que o Brasil previa embarcar até 400 mil toneladas de carne ao mercado norte-americano neste ano, praticamente o dobro das 220 mil toneladas exportadas em 2024. Se não for possível exportar essas 200 mil toneladas do segundo semestre, o setor vai deixar de faturar quase US$ 1 bilhão.

É um impacto grande para a cadeia, que não tem uma reacomodação imediata. Os Estados Unidos são hoje o segundo maior destino da carne bovina brasileira. O país vive o menor ciclo pecuário dos últimos 75 anos e depende da carne brasileira, sobretudo de cortes do dianteiro, usados na produção de hambúrgueres, para equilibrar sua oferta interna. Mais de 60% da carne consumida nos Estados Unidos é na forma de hambúrguer, e eles não têm essa carne suficiente. Se o Brasil deixar de exportar, o blend necessário para a produção do hambúrguer será afetado, e os preços por lá devem subir.

No Brasil, o impacto tende a ser diferente. A possibilidade de uma queda nos preços internos da carne é limitada, pois o que é exportado são cortes pouco valorizados no mercado interno. A exportação é uma forma de agregar valor ao excedente da produção. O Brasil exporta basicamente o dianteiro do boi e miúdos, pouco consumidos no País. Quanto mais o setor exporta, mais protege o preço da carne consumida internamente. A expectativa do setor é a de que a carne bovina brasileira seja excluída das tarifas. Além disso, a eventual entrada em vigor da tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira nos Estados Unidos pode desorganizar toda a cadeia pecuária do País.

O Brasil não possui hoje um mercado alternativo capaz de absorver o volume exportado aos norte-americanos. Alternativa tem, mas não tão acessível quanto os Estados Unidos, que é um grande volume, com preços competitivos. Realocar as cerca de 400 mil toneladas anuais que hoje vão aos Estados Unidos será um desafio, especialmente por se tratar de cortes específicos do dianteiro do boi. A perda de um mercado como o norte-americano pode desencadear uma reação em cadeia, desestabilizando a pecuária brasileira. Se não tem uma destinação correta da carne, a indústria deixa de captar o bovino no pasto e a arroba cai.

A arroba cai, o agricultor fala: 'Eu não vou mais produzir boi, porque não compensa financeiramente'. A possível retração nos preços do boi gordo pode até beneficiar o consumidor em um primeiro momento, mas traria consequências negativas adiante. Em um primeiro momento a desestruturação da cadeia interna pode abaixar o preço internamente, mas no futuro pode vir a falta de carne, como está faltando nos Estados Unidos hoje. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.