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28/Jul/2025

Boi: Minerva enfrentando desafios para expansão

A Minerva enfrenta desafios relevantes em meio à consolidação do processo que a levará a quase dobrar de tamanho com a aquisição de 14 ativos da Marfrig por R$ 7,18 bilhões. Ao mesmo tempo, precisa lidar com fatores externos à operação, como o impacto da alta dos juros no Brasil sobre sua dívida e a recente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, principal destino das exportações da companhia. Para lidar com o aumento do endividamento provocado pelo investimento, a empresa realizou um aumento de capital por meio da emissão de ações. Ainda assim, analistas demonstram cautela quanto ao processo de desalavancagem da Minerva, mesmo após a captação de cerca de R$ 2 bilhões com bônus de subscrição. Parte do impacto dessa operação já deve aparecer nos resultados do segundo trimestre de 2025, que serão divulgados em 6 de agosto. Contudo, a avaliação predominante é que, embora necessária, a emissão não resolve os problemas estruturais da empresa. A situação teria ficado ainda mais crítica sem essa captação, afirma a Genial Investimentos.

A relação dívida líquida/Ebitda caiu cerca de 0,2% com a operação, mas ainda permanece elevada. Apesar das medidas tomadas, o cenário continua desafiador. A empresa não deve retomar o pagamento de dividendos no curto prazo, e projetamos que a alavancagem só ficará abaixo de três vezes no fim de 2026. Ao fim do primeiro trimestre, o índice estava em 3,7 vezes. O Citi destaca que a estrutura da operação adicionou volatilidade às ações. A captação incluiu bônus de subscrição a R$ 5,17, que podem ser exercidos ao longo de três anos. Na prática, o acionista pode vender os papéis no mercado quando o preço superar esse valor, obtendo lucro. Após o período de arbitragem, ficou claro que a companhia ainda tem um longo caminho no processo de desalavancagem. Além da estrutura de capital, o mercado também monitora os desafios macroeconômicos e setoriais, como a conclusão da compra das unidades da Marfrig. Com o veto à aquisição de três unidades no Uruguai pelo órgão regulador local, a Minerva já acertou a venda de uma delas para a Alana por US$ 48 milhões, como forma de viabilizar a aprovação do negócio. A resolução final deve sair nas próximas semanas.

Essa unidade representa cerca de 50% do Ebitda do pacote original. Do ponto de vista operacional, os analistas esperam uma melhora gradual nos resultados à medida que as novas unidades avancem em capacidade produtiva. A taxa de utilização das unidades adquiridas estava em cerca de 40% no primeiro trimestre e pode atingir até 75% até o fim do terceiro trimestre. Ainda assim, o consumo de capital de giro segue como ponto de atenção: pode chegar a até R$ 600 milhões neste ano. Outro fator de pressão é a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. Embora os Estados Unidos sejam atualmente o principal destino das exportações da Minerva, o impacto no curto prazo tende a ser limitado. A companhia antecipou embarques e já havia exportado cerca de R$ 700 milhões em carne ao país, utilizando seu estoque estratégico. O Citi acredita que, se a tarifa for aplicada, será algo temporário.

No curto prazo, o impacto para a Minerva não deve ser tão relevante, pois ela já conta com um estoque estratégico de R$ 700 milhões para suprir o regime de cotas com os Estados Unidos, que permite embarcar até 66 mil toneladas de carne processada sem tarifa. O excedente é tributado com alíquota de 36%, e esse limite foi atingido em 17 de janeiro. Outro fator que pode favorecer a empresa é a habilitação de mais plantas para exportar à China, o que pode levar o país asiático a retomar o posto de principal comprador. Além disso, a Minerva tem flexibilidade para redirecionar embarques, já que opera em quase todos os países da América do Sul. Apenas 5% do volume exportado saem do Brasil, então é possível transferir o fluxo para outras origens. A Genial complementa que, apesar do estoque adicional e da possibilidade de redirecionar exportações via Argentina, Paraguai e Uruguai, a tarifa pode ter efeitos colaterais no mercado doméstico, causando pressão sobre as margens da Minerva. Se deixar de exportar para os Estados Unidos e essa carne ficar no Brasil, aumenta a oferta interna e o preço tende a cair. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.