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24/Jul/2025

Pescado: setor contra importação de tilápia do Vietnã

A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) voltou a defender a suspensão imediata da autorização para importação de tilápia do Vietnã pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. A entidade argumentou que a medida é necessária para proteger a cadeia produtiva nacional, formada em 98% por pequenos produtores. Essa ação é imprescindível para preservar a sustentabilidade da cadeia produtiva da tilápia no Brasil, que é formada por cerca de 98% de pequenos produtores. Qualquer instabilidade ou desequilíbrio na concorrência afeta diretamente a capacidade de manutenção da atividade brasileira. De acordo a Peixe BR, os preços pagos ao produtor estão abaixo dos valores registrados no mesmo período de 2024, reflexo de uma oferta elevada pela diminuição das exportações e da queda sazonal no consumo durante o inverno.

A entrada de produto importado com preços inferiores intensifica ainda mais a pressão sobre o mercado interno, comprometendo a rentabilidade e a sobrevivência de milhares de produtores. O pedido da Peixe BR ocorre quatro meses após o Ministério da Agricultura revogar a suspensão da importação de tilápia do Vietnã. Em abril, a associação havia criticado a decisão, considerando-a "imprudente". A importação havia sido suspensa em fevereiro de 2024 por meio do Despacho Decisório nº 270, com base em alertas sanitários sobre a presença do vírus TiLV e práticas industriais que não atendiam às normas brasileiras. A pressão da Peixe BR também coincide com dificuldades nas exportações. Em julho, a entidade manifestou preocupação com a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que atinge diretamente a tilapicultura.

O mercado norte-americano representa 89% do volume exportado pelo Brasil, resultando em US$ 52,2 milhões em negócios em 2024. Diante desse cenário, a Peixe BR reitera seu apelo ao governo federal para que adote imediatamente a suspensão da autorização de importação da tilápia do Vietnã, como forma de conter os impactos negativos no mercado nacional, proteger os pequenos produtores, preservar empregos e garantir a continuidade de uma atividade que é estratégica para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do País. A Peixe BR alertou ainda para riscos financeiros do setor. O Brasil é líder na adoção de tecnologia na produção de tilápia. Essa inovação exige altos investimentos, cuja amortização média varia entre 7 e 10 anos. Caso esse cenário atual de preços em queda e concorrência desleal persista, há grandes chances de haver uma inadimplência generalizada dos financiamentos de longo prazo, colocando em risco o futuro do setor.

A associação salientou que o Brasil desenvolve a tilapicultura mais sustentável do mundo, com uso de ração de origem vegetal e baixo nível de exigência de proteína, especialmente quando comparado a espécies como o salmão. O País também detém o sistema regulatório ambiental e de inspeção mais rigoroso entre os quatro maiores produtores mundiais de tilápia. O Brasil tem 237.669 estabelecimentos rurais com foco na produção de peixes, totalizando um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 12,5 bilhões em 2024. As cooperativas respondem por 21% da produção nacional, sendo que o maior exportador brasileiro de tilápia para os Estados Unidos é uma cooperativa de produtores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.