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23/Jul/2025

Pescado: setor já sente impactos de tarifas dos EUA

Com o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a vigorar a partir de 1º de agosto, a indústria de pesca nacional já começa a discutir alternativas para o fechamento de seu principal mercado externo. As empresas do setor no Rio Grande do Norte discutem se os barcos pesqueiros que deveriam partir para alto-mar em agosto permanecerão, ou não, atracados. Segundo o Sindicato da Indústria de Pesca do Estado do Rio Grande do Norte (Sindipesca-RN), provavelmente, os barcos não sairão em agosto. A exportação é de peixe fresco e não há alternativa para vendê-lo, já que o mercado brasileiro não absorve a produção e o europeu está fechado para a pesca brasileira desde 2017. Com custos maiores para a pesca de peixes frescos, os barcos que atuam nesse segmento ficam 20 dias em alto-mar, antes de voltar aos portos.

Como o transporte do produto é aéreo, as vendas de julho não foram afetadas pela ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump. Porém, como a tarifa de 50% seria abatida do preço pago pelos clientes, as exportações se tornariam inviáveis. Segundo a Produmar, caso o tarifaço seja mantido, a frota de 35 navios das empresas da região, que movimentam por volta de US$ 50 milhões anuais na pesca de peixes como atum e costeiros, deve ficar parada no próximo mês. Parte dos cerca 1,5 mil trabalhadores dessa indústria na região também serão afetados. Os pescadores são CLT, mas têm um salário variável, ligado à produção; vão receber menos. Além do tarifaço, o setor tem sido impactado indiretamente pela instabilidade trazida pelo governo Trump. A demanda já havia caído em torno de 20%, por conta da redução de turistas canadenses e europeus nos Estados Unidos. A perspectiva é de que essa situação vá piorar.

Na semana passada, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) pediu ao governo uma linha emergencial de crédito de R$ 900 milhões para capital de giro das empresas. O pagamento dos empréstimos teria seis meses de carência e 24 meses de prazo. Os Estados Unidos são o principal mercado para os exportadores brasileiros, respondendo por 97% das vendas ao exterior de peixes produzidos por aquicultura (como tilápias) e 58% dos que são pescados (como atuns). Dos 30 associados da Abipesca, pelo menos 20 dependem da exportação. Apesar de os Estados Unidos serem importantes para as empresas, o Brasil responde por 1% das importações que os norte-americanos fazem. É muito fácil comprar do Caribe ou da Ásia, e o setor não tem o mesmo poder que o suco de laranja, por exemplo.

Com isso, os efeitos da suspensão das compras pelos norte-americanos foram imediatos e, sem poder de barganha, a indústria da pesca ficou de mãos atadas. O setor busca uma agenda com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar agilizar a linha de crédito. Além do crédito emergencial, a solução passa por abrir o mercado europeu. Os problemas técnicos apontados em 2017 foram resolvidos há anos, e o governo precisa se empenhar para reduzir a dependência dos Estados Unidos. Segundo os produtores, caso o fechamento do mercado norte-americano se confirme, o preço dos pescados deve ter uma queda no País, mas o efeito será temporário. Talvez tenhamos o peixe mais barato momentaneamente, mas o efeito colateral vai ser pior. Os barcos vão parar e, quando voltar à normalidade, haverá menos oferta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.