17/Jul/2025
Há uma semana, a pecuária de corte é um dos setores que se vê em indefinição diante do anúncio de 50% de tarifa para exportações brasileiras aos Estados Unidos. O impacto dessa notícia se juntou ao ritmo fraco de vendas internas de carne. O resultado tem sido forte lentidão dos negócios de bovinos para abate e aumento da pressão baixista. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, respondendo por 12% das exportações, atrás apenas da China, que concentra 49% do total embarcado pelo Brasil. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em junho, o volume adquirido pelos norte-americanos já foi o menor desde dezembro do ano passado, mas as exportações totais de carne bovina brasileira tiveram o segundo melhor resultado do ano, beirando as 270 mil toneladas.
Em março e abril, empresas dos Estados Unidos adquiriram volumes recordes, acima de 40 mil toneladas em cada mês, num possível movimento de formação de estoque diante do receio de que o presidente Donald Trump viesse a aumentar as tarifas para o comércio internacional. Em abril, foram importadas 47.836 toneladas (in natura e processada); já no mês seguinte, o volume se reduziu quase à metade e, em junho, baixou mais 33% sobre o volume de maio. Em termos absolutos, as compras norte-americanas foram de 18.232 toneladas no último mês. Apesar da redução para os Estados Unidos, o volume total exportado pelo Brasil em junho foi bem próximo ao de abril, diferença de 2.705 toneladas, equivalente a 1%. Boa parte da compensação de abril para junho ocorreu com o aumento dos embarques principalmente à China, que tem ampliado mensalmente suas compras desde fevereiro. De abril para junho, os Estados Unidos diminuíram o volume em 29.603 toneladas, enquanto a China aumentou em 27.782 toneladas.
Em junho, especificamente, vários outros parceiros comerciais também aumentaram suas compras frente a maio. Esse fluxo sinaliza que frigoríficos brasileiros têm possibilidade de ampliar suas vendas em outros mercados, ainda que haja dificuldade quanto ao ajuste de cortes demandados. São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul são os Estados, nesta ordem, que mais têm escoado carne aos Estados Unidos. A redução de Goiás foi a maior de abril para junho, cerca de 9.283 toneladas a menos de carne. O volume do último mês representou apenas 37% do que foi enviado em abril. Em Mato Grosso do Sul, junho equivaleu a apenas 44%, com diminuição de 3.962 toneladas. Reduções significativas ocorreram também nos demais Estados relevantes da pecuária. São Paulo é o que teve a menor diminuição de volume, de 1.802 toneladas, com junho ainda representando 73% dos embarques de abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.