15/Jul/2025

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira já provocou impacto direto na indústria: a produção destinada ao mercado norte-americano foi paralisada. As indústrias já pausaram a produção voltada aos Estados Unidos e estão buscando alternativas, em países com quem o Brasil já tem relação, além de novos destinos. Roberto Perosa, presidente da Abiec, esteve nos Estados Unidos até esta segunda-feira (14/07) em uma série de reuniões com importadores. "É assustador ver o setor produtivo exposto a decisões que não têm base econômica", afirmou Perosa.

A indústria brasileira pode enfrentar dificuldades para realocar internamente os cortes exportados aos Estados Unidos, como o dianteiro e os miúdos, menos consumidos no País. é preciso mercados internacionais com perfil de consumo similar. Os cortes dianteiros, por exemplo, são majoritariamente usados para produção de hambúrguer no mercado norte-americano, onde correspondem a mais da metade do consumo de carne bovina. Apesar da importância dos Estados Unidos, o país não é insubstituível. O foco está no Sudeste Asiático e no Oriente Médio, em caso de substituição. As principais apostas estão na Ásia, onde há maior demanda e exigências menos restritivas. A tarifa foi classificada pela Abiec como uma medida unilateral e política.

Não há nenhum fundamento técnico ou econômico que a justifique. Essa é a percepção também dos importadores nos Estados Unidos. A decisão surpreendeu o setor e ainda não há clareza sobre como serão tratados os contêineres que já estão no mar ou os pedidos em trânsito. É um momento de incerteza. O setor está acompanhando tanto a negociação bilateral entre os governos quanto os desdobramentos logísticos com importadores. No jogo comercial global, aumentos de tarifa e compensações são esperados. Mas, neste caso, o Brasil está ajudando a baratear o custo da carne nos Estados Unidos e recebe, em troca, uma decisão política. O consumidor norte-americano também vai pagar mais caro por isso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.