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14/Jul/2025

Boi: ausência da carne brasileira afetará os EUA

Segundo a Datagro, a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, deve ter impacto negativo limitado sobre o Brasil, mas pode gerar forte pressão sobre a oferta doméstica de carne bovina no mercado norte-americano. Há maior dependência dos Estados Unidos em relação à proteína brasileira do que o inverso. Os Estados Unidos foram o segundo principal destino da carne bovina exportada pelo Brasil no primeiro semestre deste ano, perfazendo 12% do volume recorde embarcado. No entanto, o Brasil tem maior capacidade de redirecionar sua produção para outros mercados, ao passo que os norte-americanos enfrentam limitações na oferta local.

O impacto sobre a produção brasileira deve ser próximo de 4%, o que já começou a ser precificado pelo mercado, como mostram as quedas nos contratos futuros do boi gordo na B3. Por outro lado, a carne brasileira representa 5,4% da disponibilidade doméstica total dos Estados Unidos, o que indica um impacto proporcionalmente maior para o país norte-americano. O principal produto exportado pelo Brasil aos Estados Unidos são os beef trimmings (cortes residuais utilizados na produção de carne moída). Esse segmento representa metade do consumo per capita de carne bovina nos Estados Unidos e depende da combinação desses recortes com gordura de bovinos muito pesados, comuns no mercado local. No entanto, a escassez de fêmeas de qualidade inferior, base da carne moída local, torna os trimmings brasileiros ainda mais estratégicos.

A nova tarifa deve praticamente inviabilizar as exportações brasileiras para os Estados Unidos, tornando os produtos nacionais pelo menos 20% mais caros que os preços de atacadistas locais. Ainda assim, o diferencial de preços tende a se estreitar no médio prazo, dada a limitação global na oferta de carne bovina. A medida pode, inclusive, abrir oportunidades para o Brasil em outros mercados internacionais. Mesmo com a barreira tarifária, a relevância da proteína brasileira no comércio global e a escassez de fornecedores alternativos com o mesmo volume e preço podem sustentar as exportações no longo prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.