14/Jul/2025
A expectativa de rentabilidade significativamente maior em 2025, aliada à forte queda nos custos com milho e a condições vantajosas de reposição, são fatores que têm levado os pecuaristas a intensificarem os investimentos no confinamento de bovinos neste segundo semestre. De acordo com analistas, o Brasil deve registrar um aumento no número de bovinos terminados em sistemas intensivos, com efeitos sobre a oferta de carne. A consultoria Athenagro projeta um salto de 8,84 milhões de cabeças confinadas em 2024 para 9,7 milhões em 2025, um acréscimo de quase 1 milhão de bovinos. Dados preliminares do Censo de Confinamento 2025, da DSM-Firmenich, indicam que o Brasil deve confinar 8,53 milhões de cabeças neste ano. Isso representa um crescimento de 7,1% na comparação com 2024. A tendência de crescimento do confinamento é estrutural.
Segundo a StoneX, o cenário atual é muito mais favorável ao confinamento do que o observado no início do ano ou no igual período de 2024. As condições para quem quer confinar nesta segunda parte do ano estão muito melhores. Um dos principais impulsionadores é o milho, cujo preço caiu de cerca de R$ 70,00 por saca de 60 Kg para R$ 40,00 por saca de 60 Kg em Mato Grosso, principal Estado confinador do País. Isso traz um cenário muito melhor do que no começo do ano. O produtor faz as contas, e elas realmente fecham. O panorama regional também favorece o avanço do confinamento, especialmente em Estados com forte produção de grãos e infraestrutura, como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Parte dos ganhos vem do uso crescente de coprodutos, como resíduos da indústria de etanol de milho, e da possibilidade de travar preços via operações de hedge, na B3.
O produtor pode garantir esses resultados por meio de operações em Bolsa. A relação de troca na reposição permanece vantajosa, com o boi magro ainda em patamares acessíveis. Ainda não houve alta expressiva no preço da reposição, o que mantém o confinamento atrativo. A Athenagro estima lucro de R$ 52,00 por arroba para o confinamento na segunda metade de 2025, quase o dobro dos R$ 26,00 por arroba registrados no segundo semestre de 2024. Esse salto explica o maior apetite do produtor. O resultado foi muito ruim em 2023 e, embora tenha melhorado em 2024, muitos não conseguiram capturar os ganhos. Agora, o cenário é outro. A intensificação da pecuária também se reflete no crescimento do TIP (terminação intensiva a pasto), que a Athenagro contabiliza como parte do confinamento. Em 2025, entre 900 mil e 1,1 milhão de cabeças devem ser terminadas nesse sistema.
Outro destaque é o avanço dos boitéis (confinamentos terceirizados), cada vez mais usados por pequenos e médios produtores. A DSM-Firmenich estima que os boitéis vão representar 19% dos confinamentos neste ano. Com mais bovinos confinados, a composição da oferta também muda: o abate será mais concentrado em machos terminados com maior peso, o que melhora o rendimento de carcaça nos frigoríficos. Por outro lado, esse avanço pode vir acompanhado de altas nos preços do boi gordo, diante de uma possível escassez de animais prontos fora dos confinamentos. A proporção de machos abatidos deve ser maior, e com peso mais elevado. Essa mudança favorece os frigoríficos, ao elevar a eficiência industrial e a qualidade da carne. O aumento do confinamento não influencia apenas a quantidade de bovinos terminados, mas também a composição da oferta.
O segundo semestre deve ter uma proporção maior de machos abatidos, e mais pesados. Essa mudança beneficia os frigoríficos, ao melhorar o rendimento industrial e a qualidade das carcaças, ainda que represente custos maiores na compra do boi gordo diante da perspectiva de maior aperto na oferta. A demanda também pode influenciar os preços. Tradicionalmente, o segundo semestre é mais forte, impulsionado pelas compras da China antes do Ano-Novo Lunar. No entanto, há incertezas após a China aumentar as importações em 13,4% no primeiro semestre. A grande dúvida é se a China adiantou as compras no fim de 2024 e início de 2025 ou se o consumo de fato cresceu. Outro mercado que pode estimular a demanda é o Japão, que pode enfim se abrir à carne bovina brasileira. Caso ocorra, será um impulso adicional para o setor no fim do ano. Apesar do otimismo, o setor segue vulnerável a fatores externos. Conflitos internacionais, barreiras comerciais e decisões políticas podem interferir nos preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.