14/Jul/2025
Segundo a Agrifatto, a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa adicional de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto praticamente torna inviável a exportação da carne bovina do País aos Estados Unidos e deve pressionar o preço do produto no mercado. Os efeitos devem ser sentidos imediatamente, tanto no mercado físico quanto no futuro, com pressão negativa sobre os preços. A nova taxa se soma a outras já em vigor e eleva a carga tarifária total sobre a carne bovina brasileira para cerca de 76%. A tarifa torna a carne nacional praticamente inviável no mercado norte-americano: carne bovina exportada aos Estados Unidos vinha sendo vendida por, em média, US$ 5.727,00 por tonelada e passará a custar, aproximadamente, US$ 8.590,00 por tonelada após a imposição das tarifas. A decisão afeta, assim, diretamente o segundo principal destino da carne bovina brasileira.
Apenas em 2025, os Estados Unidos já importaram 181 mil toneladas do produto, o que representa 11,8% do volume total exportado pelo Brasil e 14,2% da receita do setor, que somou US$ 1,04 bilhão até o momento. A saída parcial do Brasil do mercado americano deve redistribuir a demanda global. A Austrália desponta como principal candidata a ocupar esse espaço, tendo exportado 202,8 mil toneladas para os Estados Unidos no primeiro semestre deste ano, um aumento de 47,4 mil toneladas em relação a 2024. O redirecionamento da carne brasileira deve se concentrar em destinos alternativos como Argélia, China e Chile. No entanto, a sobra de produto no mercado interno tende a pressionar o preço do boi gordo, enquanto compradores internacionais podem adotar posturas oportunistas para forçar a queda dos preços pagos ao Brasil. A desvalorização cambial poderia atenuar as perdas na receita das exportações. Embora o fator volumétrico possa ser comprometido, uma valorização do dólar frente ao Real pode ajudar a compensar parcialmente os prejuízos.
Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a nova tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, pode elevar o preço do produto para cerca de US$ 8.600,00 por tonelada. O valor retira o Brasil da concorrência no mercado norte-americano e pode travar totalmente as exportações ao país. A Acrimat classificou a medida como uma ameaça direta à competitividade do setor e pediu que o governo federal atue com urgência, utilizando todos os recursos e esforços para a resolução desse problema, com muito diálogo e disposição. Para a associação, a imposição da nova tarifa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, torna inviável manter os embarques para um dos mercados mais relevantes para a carne brasileira. A soberania nacional é importante. É preciso bom senso e pacífica negociação antes que se tome medidas intempestivas que podem levar a resultados desastrosos para economia brasileira.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) acompanha com preocupação a decisão dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Como maior produtor de carne bovina do País, com rebanho superior a 30 milhões de cabeças, Mato Grosso pode ser diretamente afetado pela medida, que traz insegurança ao comércio internacional e pressiona o custo de produção no campo. A Famato defende que o Brasil adote uma postura firme e diplomática para preservar a competitividade do agronegócio e garantir segurança jurídica nas relações comerciais. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em 2024, Mato Grosso exportou 39.039 toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, de um total de 303.149 toneladas embarcadas pelo Brasil. Até junho de 2025, as exportações do Estado somam 26,55 mil toneladas. Diante desses números, a Famato alerta que a aplicação dessa tarifa impactaria de forma significativa as exportações do Estado, com possíveis reflexos sobre toda a cadeia produtiva. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.