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04/Jul/2025

Brasil: gripe aviária pressionou preços das proteínas

Segundo a StoneX, com o caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial de Montenegro (RS), em maio, o consumidor brasileiro comprou carne de frango e bovina a preços mais baixos, enquanto as cotações dos ovos seguiram sustentadas. O Brasil, como maior exportador global de carne de frango, passou a ter um excedente significativo no mercado doméstico. A maior disponibilidade interna gerada por essas suspensões representa um fator relevante de pressão sobre os preços domésticos. Esse movimento coincidiu com o avanço da safra do boi, tradicionalmente marcada por um aumento na oferta de bovinos de pasto após o fim da estação chuvosa, o que já vinha pressionando as cotações. Como reflexo direto, o preço do boi gordo caiu de R$ 309,00 por arroba no início de maio para R$ 298,00 por arroba na metade do mês, o menor valor desde outubro de 2024.

A trajetória futura dependerá da disponibilidade de bovinos confinados e do comportamento das exportações, especialmente para a China. Os ovos se tornaram o principal vetor inflacionário entre as proteínas. A crise sanitária que afeta os Estados Unidos desde 2022, com surtos persistentes de gripe aviária, levou à “exportação da inflação”. Após um pico de 68,8% nos preços dos ovos americanos em janeiro de 2023, março de 2025 registrou nova alta expressiva, de 60,4%, o segundo maior aumento da série. O resultado foi uma explosão nas importações de ovos brasileiros, que cresceram mais de 340% em março. No mercado interno, o cenário foi de forte desequilíbrio.

O calor comprometeu a produtividade das galinhas, reduzindo a oferta, ao mesmo tempo em que as exportações dispararam e a demanda doméstica foi intensificada pela Quaresma. Com isso, os ovos passaram de uma alta de 0,9% em janeiro para 14,7% em fevereiro, 23,1% em março e 20,2% em abril, bem acima das variações observadas para as carnes de frango e bovina, entre 2% e 6% ao mês. Para a pecuária de corte, se destaca a importância dos confinamentos no segundo semestre. Embora o milho da safra de verão (1ª safra 2024/2025) tenha pressionado os custos no primeiro giro, as expectativas positivas para a 2ª safra de 2025 devem favorecer o segundo giro do confinamento. A rentabilidade pode ser maior, desde que a colheita garanta uma oferta abundante e reduza os custos da ração.

Entre os fatores que podem sustentar os preços da carne bovina nos próximos meses, está a redução dos rebanhos em países como Estados Unidos e na Europa e a manutenção dos abates de fêmeas no Brasil em patamares elevados, o que tende a restringir a oferta futura. Por outro lado, o aumento da disponibilidade de carne de frango e a desaceleração das compras chinesas podem seguir pressionando o mercado. Embora os preços do boi gordo tenham sido afetados pelo excesso de oferta de bovinos e aves em maio, é importante lembrar que o mercado bovino possui dinâmicas próprias. Ainda assim, o cenário permanece de atenção, já que as carnes bovina, suína, de frango, de peixe e os ovos coexistem na cesta de consumo e reagem de forma interdependente à variação de preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.