03/Jul/2025
Em junho, a diferença entre os preços do boi gordo e os valores pagos por vacas e novilhas para abate voltou a se ampliar, atingindo o maior patamar desde dezembro de 2023 na maioria dos Estados. Esse movimento quebra a tendência que vinha sendo observada no ano, de aproximação entre os valores pagos pelo boi gordo e vacas e novilhas. Na média de junho, em São Paulo, o boi gordo foi vendido com ágio de R$ 27,06 por arroba sobre as fêmeas, valor 38% maior que a diferença em maio e surpreendentes 45,6% de aumento no comparativo com junho/2024. Em Mato Grosso, o diferencial foi R$ 22,67 por arroba, tendo aumento de 28,7% frente ao mês anterior e de 24,7% na comparação com um ano atrás. Em ambos os Estados, a diferença foi a maior desde dezembro/2023.
O aumento do deságio de fêmeas ocorre justamente em um momento de pressão da oferta de bovinos. O início da entressafra com os meses de seca nas principais regiões produtoras leva ao aumento das vendas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o primeiro trimestre de 2025 registrou o maior volume de vacas e novilhas abatidas da história: 4,85 milhões de cabeças. Somente em março, as fêmeas representaram 50,7% do total de bovinos abatidos, algo inédito na série. Ao longo de junho, a diferença entre os preços pagos por machos e fêmeas se alargou principalmente pela valorização mais intensa do boi gordo no início do mês do que para as novilhas e vacas para abate. Na semana após o feriado de Corpus Christi (19/06), o movimento de pequenas, mas sucessivas altas do preço do boi gordo deram espaço a certa estabilidade, que foi logo combinada a leves quedas.
E este é o cenário desde então. No acumulado de junho, os preços do boi gordo tiveram aumento em todas as 28 regiões pesquisadas pelo Cepea. Na maioria delas, o ganho foi na casa dos 3%, mas em Mato Grosso esteve por volta de 5%. Em Goiás e em algumas localidades de São Paulo, o acumulado se limitou a 2%. Nos últimos sete dias, no entanto, o balanço se inverteu, com a maioria das regiões acumulando queda, ainda que pequenas. Em parte delas, os preços ainda se mantêm estáveis. Em São Paulo, os negócios têm saído principalmente entre R$ 310,00 e 315,00 por arroba, com alguns em até R$ 305,00 por arroba. O preço médio do boi gordo em São Paulo é de R$ 310,65 por arroba, recuo de 2,2% nos últimos sete dias.
Esse comportamento é explicado pelo início das ofertas de confinamento que estão tornando as escalas de abate mais longas e permitem que compradores testem preços menores. Os pecuaristas, em geral, negociam no mercado spot apenas pequenos lotes, o que tem tornado a liquidez relativamente baixa. Na maioria dos casos, as escalas estão entre 9 e 15 dias. Em São Paulo, no atacado, as vendas de carne no atacado se enfraqueceram no final do mês passado, e os preços têm tido pequenas quedas. A carcaça casada de boi é negociada abaixo de R$ 22,00 por Kg, o que não acontecia desde o final da primeira quinzena de junho. A média atual é de R$ 21,95 por Kg, redução de 1,2% nos últimos sete dias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.