03/Jul/2025
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Tiradentes (Unit), com apoio técnico do Instituto de Pesquisa e Tecnologia (ITP), do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), resultou em um processo inovador para a produção de derivados do leite com baixo teor de lactose. O trabalho foi conduzido entre 2019 e 2020 por professores e alunos do curso de Engenharia Química e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), com financiamento da Fapitec. Em processos convencionais, a extração de componentes do leite é realizada por técnicas como filtração, centrifugação e coagulação.
A pesquisa desenvolvida na Unit aplicou duas metodologias alternativas, baseadas em rigor técnico científico. A primeira envolve os SAB (Sistemas Aquosos Bifásicos), métodos de separação que usam duas fases líquidas, geralmente compostas por polímeros e sais específicos que permitem a separação seletiva da Whey Protein (proteína do soro) e da lactose. Ela também utiliza a técnica de precipitação seletiva para favorecer a concentração proteica sem precipitar a lactose. A segunda metodologia consiste nos Polímeros Impressos Molecularmente (PIM), materiais específicos com colunas de adsorção que retêm seletivamente as moléculas-alvo, como a lactose, resultando em um leite com baixo teor do componente.
A partir desse leite, foi produzido um queijo tipo coalho adaptado às necessidades de consumidores intolerantes à lactose, seguindo um protocolo validado experimentalmente. É possível obter outros produtos lácteos com baixo teor de lactose, como queijos e bebidas lácteas. O projeto conta com uma patente depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), contemplando todo o processo tecnológico, desde a recuperação da lactose presente no leite até a obtenção de Whey Protein a partir do soro, utilizando as tecnologias PIM e SAB.
Além de ampliar o acesso e as opções de produtos para consumidores com restrições alimentares, o estudo apontou outra possibilidade de mercado para as indústrias: a recuperação e reaproveitamento da lactose extraída na produção de aditivos para os setores farmacêutico, alimentício e cosmético. Isso promove geração de emprego e desenvolvimento local, especialmente em torno dos arranjos produtivos regionais. Considerando que o Brasil importa grande parte da lactose utilizada, essa solução representa um avanço estratégico rumo à autossuficiência e à valorização de tecnologias nacionais. A pesquisa promove práticas sustentáveis, reduzindo o desperdício de resíduos industriais. Fonte: Unit. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.