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16/Jun/2025

Boi: JBS na Nyse é marco para internacionalização

A JBS dá um passo decisivo em sua estratégia de internacionalização nesta sexta-feira, quando suas ações começam a ser negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse), após anos de preparação e superação de obstáculos. A dupla listagem, que mantém a negociação de BDRs na B3, representa não apenas uma mudança de estrutura societária, mas uma aposta da companhia em atrair investidores globais e reduzir a distância que avalia ter em relação a concorrentes internacionais, como a Tyson Foods. O mercado já precificava a listagem nos Estados Unidos, mas agora o foco se volta para os próximos passos. A listagem só termina de fato em dezembro de 2026, quando haverá clareza sobre o free float e a liquidez. Até lá, o preço da ação ainda reflete mais o fluxo desse processo do que os fundamentos da empresa. Os fundamentos, porém, são um dos principais trunfos da JBS na conquista do mercado global. Com diversificação geográfica e de proteínas, a companhia reduziu a volatilidade de seus resultados, um ponto-chave para investidores.

A JBS é uma commodity com recorrência. Em 2024, teve desempenho excelente, e 2025 segue positivo, mesmo com margens potencialmente menores. O desafio agora é convencer o mercado norte-americano de que merece múltiplos mais altos. Enquanto a JBS opera hoje a cerca de 4,5 vezes EV (valor de mercado)/Ebitda, a Tyson Foods negocia a 6x e a Hormel, focada em processados, a 12x. A expectativa da empresa é que, ao se aproximar dos investidores internacionais, ocorra uma reavaliação gradual do seu valor de mercado. Projeções do Bradesco BBI apontam para um potencial de valorização de 50% a 149% caso a JBS se aproxime dos múltiplos de seus pares globais. Do lado da JBS, o discurso é de otimismo. A listagem aumentará nossa visibilidade internacional e fortalecerá a posição da empresa como líder global. A base de acionistas estrangeiros já saltou de 65% para 80%, e o spread da dívida caiu em antecipação à mudança. O acionista controlador e conselheiro da JBS, Wesley Batista, foi além: “O múltiplo nos Estados Unidos é infinitamente superior. É transformacional estar no maior centro financeiro do mundo”, comentou.

Com a listagem consolidada, a JBS mira agora a inclusão no S&P 500, o que exigirá ajustes como aumento do free float (fração de ações de uma empresa que estão disponíveis para negociação livre no mercado de ações). A empresa espera entrar no índice Russell em junho de 2026 e no S&P 500 em um momento posterior. A possibilidade de a JBS se tornar a primeira empresa brasileira a integrar o S&P 500 é tratada como um marco. A empresa também sinaliza que a maior liquidez pode abrir portas para aquisições. Crescer faz do DNA da JBS, disse Batista, citando alimentos industrializados (como pizzas e margarinas) como eventual foco de expansão da atuação da JBS. Estando listada na Nyse e acessando um volume de recursos detido pelos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos, logicamente isso vai abrir condições para a JBS. Se já pensa nos próximos passos após a dupla listagem, a JBS completou caminho até a Nyse que não foi livre de controvérsias. A empresa enfrentou resistência de grupos ambientalistas, como o Greenpeace, e críticas de políticos norte-americanos.

A senadora democrata Elizabeth Warren questionou doações de US$ 5 milhões da subsidiária Pilgrim’s Pride a comitês ligados a Donald Trump, sugerindo possível influência na aprovação da listagem pela SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Consultorias de governança como ISS e Glass Lewis também recomendaram que acionistas votassem contra a reestruturação, embora o fundo Mason Capital tenha defendido a operação como “oportunidade multibilionária”. O processo foi longo e marcado por incertezas. A expectativa da empresa já existia há muito tempo, mas faltava o aval da SEC. Havia ainda a dúvida sobre a posição do BNDES, que no passado foi contra, mas acabou se abstendo na votação decisiva. Enquanto o mercado acompanha os primeiros pregões na Bolsa de Nova York, o desafio da JBS será equilibrar as promessas de valorização com a necessidade de provar que sua diversificação e governança estão à altura dos padrões globais. O verdadeiro teste virá quando ‘a poeira da listagem baixar’, e os investidores passarem a olhar apenas para os fundamentos.

Segundo o Citi, a estreia da JBS na Nyse na sexta-feira (13/06) é um ponto de inflexão na estratégia da companhia que terá acesso à mercados mais líquidos. Isso abre as portas para uma valorização substancial, reduzindo seu desconto histórico em relação aos pares globais. De forma mais ampla, a listagem transforma a JBS de um peso-pesado brasileiro em uma líder em proteínas reconhecida mundialmente. Apesar da ciclicidade inerente do setor e do atraso na possível inclusão da JBS no índice Russell, que será em 2026, catalisadores claros permanecem, posicionando a ação para uma valorização atraente de 30% a 80% após a reclassificação. Para essa valorização da ação, o Citi elencou cinco possíveis catalisadores para a empresa. O primeiro deles é o alinhamento, no curto prazo, de seus múltiplos de avaliação com os de sua subsidiária listada nos Estados Unidos, a Pilgrim's Pride (PPC), atualmente negociada a 6,5 vezes dívida líquida/Ebitda.

Alcançar essa convergência inicial implicaria uma valorização de aproximadamente 30% em relação à atual da JBS. No longo prazo, um alinhamento completo ou até mesmo a superação da avaliação de sua concorrente norte-americana Tyson Foods, representaria espaço para uma alta de 80% na avaliação. O segundo catalisador para a valorização da ação da JBS é o câmbio. Os robustos lucros da JBS em dólar atenuam as preocupações com os mercados emergentes. As preocupações dos investidores com um "Desconto de CEP", decorrente da volatilidade cambial brasileira, da incerteza política e dos riscos específicos do mercado, ignoram a significativa exposição da JBS a receitas estáveis denominadas em dólar. Aproximadamente 51% da receita total da JBS provém diretamente de suas operações nos Estados Unidos e cerca de 75% do EBITDA, considerando as exportações e as contribuições de suas subsidiárias na Austrália. O terceiro catalisador para a valorização da ação da JBS é a maior lucratividade da Seara que deve reduzir o desconto em alimentos processados.

A Seara apresentou uma margem Ebitda de 17% ante 13% da Tyson em 2024. Neste ano, essa vantagem da JBS continuou a se expandir. O quarto catalisador é o bom feedback dos investidores em relação à listagem, sugere que a inclusão em índices, particularmente nos índices Russell e, em última análise, no S&P 500, pode valorizar a empresa. Embora a inclusão no S&P 500 exija um salto significativo na capitalização de mercado, de aproximadamente US$ 16 bilhões hoje para o patamar necessário de US$ 30 bilhões, isso representa ser um problema do tipo "ovo e galinha". A listagem na Nyse estabelece uma base fundamental, melhorando a visibilidade e o engajamento necessário dos investidores para atingir esse marco.

Embora persista a cautela no mercado quanto à potencial venda da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em até três anos, essa preocupação diminui com a listagem e a melhora do sentimento do investidor global. A JBS iniciou com o pé direito sua trajetória na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). No primeiro pregão da empresa na principal bolsa do mundo, realizado na sexta-feira (13/06), as ações encerraram em alta de 4,69%, cotadas a US$ 14,29. Os papéis chegaram à máxima de US$ 14,50. O volume negociado ultrapassou 9,2 milhões de ações. A abertura das negociações ocorreu a US$ 13,65. Em menos de uma hora de pregão, os papéis já operavam acima de US$ 14,00 movimento que se manteve estável até o fechamento. O valor mínimo da ação foi de US$ 13,55. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.