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06/Jun/2025

Frango: Brasil pede regionalização das restrições

Passados 14 dias do vazio sanitário de 28 dias necessários para o Brasil retomar o status livre de gripe aviária, o governo brasileiro está intensificando as negociações com importadores do frango brasileiro. Após a desinfecção total da área onde o caso foi detectado, um plantel comercial de um matrizeiro de aves, em Montenegro (RS), o início do vazio sanitário de 28 dias e a contenção do foco sem ocorrência de novos casos, o Ministério da Agricultura comunicou as ações a todos os 21 destinos para os quais estão suspensas as exportações brasileiras. O Brasil solicitou aos países importadores que avaliem a possibilidade de regionalização dos embargos. Assim que o Brasil iniciou o período de 28 dias do vazio sanitário, foi solicitado aos países com algum tipo de restrição ao frango brasileiro que possam avaliar a possibilidade de regionalização. As tratativas mais antecipadas são com a Coreia do Sul.

O país asiático já informou ao Brasil que avalia regionalizar os embargos apenas para o frango proveniente do Rio Grande do Sul e fez uma vistoria no sistema sanitário nacional. A expectativa é de que a regionalização seja formalizada em breve. O Ministério da Agricultura está esperando uma carta decidindo sobre a regionalização, juntamente com a proposta de alteração dos requisitos. A expectativa é de que as flexibilizações se intensifiquem nos próximos dias à medida que avance o vazio sanitário. O pedido geral da Pasta aos importadores é de regionalização por raio de 10 Km, ou seja, que a limitação das exportações seja restrita a uma distância de até 10 Km de onde foi detectado o foco da doença. O Brasil enviou a solicitação a todos os países e depois negociará caso a caso. A resposta depende de cada país. A reversão completa das suspensões é esperada após o Brasil retomar o status de livre de gripe aviária, ou seja, depois dos 28 dias sem ocorrência de novos casos. que serão completados em 18 de junho.

Além do envio das informações pelo governo brasileiro, os adidos agrícolas contatam um a um os mercados importadores. O processo de suspensões, análises pelos países e flexibilizações dos embargos segue o ritmo normal. A tendência é que quando o país vê que foi um caso isolado, que o Brasil controlou o foco, que seguiu os protocolos e agiu com transparência, ele começa a reverter as suspensões. Alguns mercados como México, China e União Europeia solicitaram informações adicionais ao Brasil, o que sinaliza o interesse desses países em revisarem a condição de compras de carne de aves do Brasil. A China, por sua vez, solicitou, por meio da Autoridade Geral de Alfândegas da China (GACC), lista de frigoríficos avícolas localizados no Rio Grande do Sul. Ainda não houve manifestação da China sobre a regionalização em específico. Outro fator que pode ajudar o Ministério da Agricultura nessa negociação é a pressão dos próprios importadores e a demanda internacional aquecida por produtos avícolas.

Em pelo menos quatro países, México, África do Sul, Filipinas, e Coreia do Sul, foram observados movimento de preocupação de compradores com a restrição ao frango brasileiro e consequente impacto inflacionário local. Nestes países, o Brasil tem um papel importante de fornecimento, chegando a responder por 70% em alguns mercados, de maneira que não há outro fornecedor natural para substituí-lo. Dada a relevância do Brasil no abastecimento desses países e sabendo que não há contaminação de gripe aviária pelo consumo de frango e ovos, há possibilidade maior de os países evoluírem para a regionalização. Alguns destinos como Rússia, Cuba, Jordânia, Bolívia e Kuwait já concordaram em flexibilizar as suspensões ao frango brasileiro e limitaram o embargo apenas aos produtos provenientes do Rio Grande do Sul ou do município de Montenegro. Ao todo, as exportações de carne de frango de todo o território brasileiro estão suspensas para 21 destinos.

Estão pausados temporariamente os embarques de produtos avícolas brasileiros para China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Peru, Albânia, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Índia, Sri Lanka, Macedônia do Norte e Paquistão. Juntos, estes mercados importaram US$ 1,492 bilhão de frango do Brasil nos primeiros quatro meses do ano, equivalente a 44% do exportado pelo País no acumulado de 2025. Há ainda 14 mercados para os quais estão impedidas as exportações de frango proveniente do Rio Grande do Sul. É o caso da Arábia Saudita, Kuwait, Reino Unido, União Euroasiática (Rússia, Belarus, Armênia e Quirguistão), Angola, Turquia, Bahrein, Cuba, Montenegro, Namíbia, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia. Estes destinos compraram US$ 84,790 milhões de carne de frango do Rio Grande do Sul de janeiro a abril deste ano, conforme os dados mais recentes de comércio exterior.

O Japão, os Emirados Árabes Unidos, o Catar e a Jordânia suspenderam as compras de carne de frango e derivados do município de Montenegro (RS), onde o foco da doença foi detectado, conforme prevê o protocolo acordado pelos países com o Brasil. Já os protocolos acordados entre Brasil e Singapura, Bolívia, Hong Kong, Argélia, Índia, Lesoto, Mianmar, Paraguai, São Cristóvão e Nevis, Suriname, Uzbequistão, Vanuatu e Vietnã preveem a regionalização dos embarques para um raio de 10 quilômetros do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Nestes casos, não há impactos em virtude de não haver frigorífico exportador nesse raio de 10 Km do foco. Com as flexibilizações dos embargos, o Ministério da Agricultura busca minimizar os impactos comerciais ao setor avícola nacional. O Ministério da Agricultura estima que o Brasil pode deixar de exportar de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões de frango e derivados em um mês em virtude das suspensões temporárias às exportações, após a confirmação do primeiro caso gripe aviária em uma granja comercial.

Mesmo com o aumento no número de países para os quais estão suspensas as exportações, o impacto é limitado porque foi adotada a regionalização para três dos cinco principais destinos. O cálculo considera um impacto de 50 mil a 100 mil toneladas que podem deixar de ser exportadas em um mês ao preço médio praticado no mercado internacional de US$ 2 mil por tonelada. É provável que haja um impacto de redução de exportação de 10% a 20% em relação à média de 453 mil toneladas por mês que vêm sendo exportadas em 2025. Os números estão em linha com o previsto também pela Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA), que representa as indústrias do setor, e consideram que parte do volume será redirecionada a outros mercados. Atualmente, 125 mercados para os quais o Brasil exporta carne de frango operam sem quaisquer restrições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.